A Comissão Política de Secção de Braga do PSD tem vindo a acompanhar, com crescente preocupação, os sinais claros de degradação da prestação de cuidados de saúde no Hospital de Braga.

Esta situação assume particular gravidade quando estamos a falar de um hospital central, altamente diferenciado, que serve de referência e é fim de linha para os hospitais do Minho e Alto Minho, abrangendo aproximadamente um milhão e cem mil habitantes.

A concelhia do PSD relembra que, já este ano, ocorreram longos tempo de espera no serviço de urgência – em alguns casos, a demora de atendimento ultrapassou mais de uma dúzia de horas – por insuficiência de profissionais de saúde e que deu até origem a inaceitáveis casos de violência contra os profissionais de saúde.

Constata-se que estamos perante deficiências de carácter estrutural e de gestão que se têm vindo a agravar e que comprometem a qualidade dos serviços prestados pelo SNS.

A atual Ministra da Saúde, Marta Temido, em 6 de fevereiro de 2019, garantia na Comissão Parlamentar de Saúde, que “a qualidade dos serviços e cuidados prestados não seria afetada”, por causa da decisão política da passagem da gestão privada para gestão pública do hospital, alteração efetivada em 1 de setembro de 2019; mais tarde, em 22 de agosto de 2019, reafirmou publicamente aos bracarenses que “o governo está focado no essencial, que é garantir que os utentes mantêm os cuidados de elevada qualidade que têm tido e que os trabalhadores continuam a ter a tranquilidade no seu trabalho”.

Os acontecimentos conhecidos ao longo do tempo desmentem uma e outra vez a Ministra da Saúde e, pelo contrário, demonstram a constante degradação dos cuidados prestados aos cidadãos. Percebe-se, pois, o embaraço da Ministra da Saúde, incapaz de dar resposta à situação criada, e o ensurdecedor apagamento da ARS Norte que, ao contrário da sua homóloga de Lisboa, se remeteu a um incompreensível silêncio como se não tivesse de dar públicas explicações para o avolumar do caos e degradação da qualidade de serviço aos utentes.Merece particular apreensão a situação criada na obstetrícia, maternidade onde ocorrem anualmente mais de 2500 partos, onde no passado se criou uma dinâmica de grande qualidade de serviços o que determinou até o encerramento de alternativas até aí existentes em clínicas privadas. 

O Presidente da Comissão Política de Secção de Braga do PSD, João Granja, manifesta “profunda estranheza” pelo facto de a Ministra da Saúde, que se arvora em fiel guardiã do SNS, esteja, objetivamente, a obrigar os cidadãos – quando podem – a procurarem resposta em instituições privadas por falta de capacidade do Hospital de Braga EPE em satisfazer as necessidades da população.

Para que fique claro, não esquecemos nunca que as deficiências e fragilidades do SNS atingem primeiro – e mais gravemente – os cidadãos que não têm meios e recursos financeiros para recorrerem a alternativas no sector privado. São os cidadãos de menores recursos financeiros que paga, em primeiro lugar, a incompetência política, a ausência de planeamento e a falta de resposta capaz do Serviço Nacional de Saúde.

O Governo tem de ser responsabilizado pela sua grave incompetência ao não ter previsto em tempo oportuno as medidas necessárias para problemas que já eram conhecidos e anunciados.