Em setembro foi batido um novo recorde de hóspedes dos Estados Unidos em Portugal. Lisboa, o Norte e o Algarve são os destinos preferidos.
Não há dúvidas de que Portugal está a cair nas boas graças dos turistas norte-americanos e os números compravam-no. Em setembro foi batido um novo recorde de visitantes dos Estados Unidos em território nacional, com mais de 204 mil hóspedes oriundos deste país a chegar a Portugal. Os dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que este é o maior número de sempre de turistas norte-americanos nas contas do turismo nacional. Os Estados Unidos foram, no nono mês do ano, o terceiro mercado emissor do país, posicionando-se à frente da França e da Alemanha e ficando apenas atrás do Reino Unido, que somou 262 mil hóspedes, e da vizinha Espanha, com 213 mil hóspedes.
Contas feitas, entre janeiro e setembro, Portugal recebeu mais de 1,1 milhões de turistas norte-americanos, mais cerca de 200 mil em comparação com igual período de 2019. Ou seja, este mercado tem já um peso de perto de 10% no turismo em Portugal e foi responsável por uma fatia de 2,6 milhões de dormidas do total das 38,8 milhões de dormidas no acumulado do ano. “A aposta que o Turismo de Portugal fez no mercado norte-americano tem dado imenso resultado, sem qualquer dúvida. Os americanos descobriram-nos e descobriram com muita força, tem sido uma lógica de parceria público-privada que tem funcionado muito bem, tem sido uma boa aposta”, sublinha ao DN/Dinheiro Vivo a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
As chegadas destes turistas provenientes do outro lado do Atlântico começaram a assumir expressão nos últimos dois anos anteriores à pandemia. Só em 2019, este mercado deu um salto de 52% face a 2017, com 2,7 milhões de hóspedes a pernoitar nos alojamentos turísticos do Continente e ilhas.
A incerteza deixada no período pós-pandémico fazia antever um cenário de uma recuperação lenta dos turistas intercontinentais, mas os visitantes dos Estados Unidos retomaram o fôlego rapidamente e começaram a bater recordes de chegadas logo a partir de março. O CEO do grupo Pestana destaca a presença destes turistas na operação da empresa este ano e justifica o seu crescimento com a fidelização ao destino, conseguida nos últimos anos. “Para o mercado norte-americano, até há poucos anos, Portugal não existia. Portugal era uma província da Ibéria. Esta notoriedade que Portugal começou a ter , nos destinos de resort mas também nos destinos de cidade, como em Lisboa e Porto, fez aumentar a notoriedade do país. Começámos a atrair mais turistas e agora já somos conhecidos pelos destinos portugueses nesse mercado e criámos alguma fidelidade ao destino”, enquadra José Theotónio.
Os dados do Turismo de Portugal, disponíveis até agosto, revelam que Lisboa é o destino de eleição dos norte-americanos, com um 1,1 milhões de dormidas registadas na região nos primeiros oito meses do ano. Em segundo lugar está a região Norte, com 393 mil dormidas e a completar o top três posiciona-se o Algarve que arrecadou 258 mil dormidas destes turistas.
Dormidas de estrangeiros ainda abaixo de 2019
Até setembro Portugal totalizou 22,6 milhões de hóspedes e 61,3 milhões de dormidas. As dormidas de estrangeiros estão ainda 6,3% abaixo do mesmo período pré-pandemia. Se é verdade que mercados como o Reino Unido, a Espanha, a Alemanha ou França ainda não igualaram a quota no turismo nacional que detinham em 2019, por outro lado, há outros países emissores com crescimentos acima do pré-pandemia. Numa leitura aos dados do INE, conclui-se que os hóspedes da Bélgica, Irlanda, Suíça e Dinamarca já superaram os números de 2019, no acumulado até setembro, assim como os turistas provenientes da Chéquia e da Roménia.