Esta diocese alentejana foi, a par da de Setúbal, uma das que não respondeu a um pedido de entrevista da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja.
Obispo de Beja sugeriu que o perdão fosse uma das hipóteses colocadas em cima da mesa no âmbito dos casos de alegados abusos sexuais no seio da Igreja Católica.
“Todos somos pecadores, todos somos limitados, todos temos falhas”, atirou, em declarações à SIC Notícias, emitidas esta terça-feira, acrescentando: “Na Igreja Católica existe o perdão. Se realmente as pessoas estão arrependidas do que fizeram – fizeram penitência e repararam o mal que fizeram. Se há este novo nascimento, que o perdão nos oferece, isso é importante. Não podemos desvalorizar isso”,
Questionado sobre a Justiça deve atuar nestes casos suspeitos, D. João Marcos volta a referir o perdão. “A Justiça é como que a estrutura que segura, dá firmeza a este edifício que é a caridade, que é o perdão, a misericórdia. Esta maneira de abordar as coisas não é muito católica”, defendeu.
A par da diocese de Setúbal, a de Beja “nunca respondeu” às chamadas da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja, de acordo com o que os responsáveis por este estudo revelaram na apresentação dos resultados e dados recolhidos.
O responsável por esta diocese alentejana referiu que se terá “esquecido” de responder a um pedido de entrevista à Comissão, garantindo, no entanto, que esta organização teve todos os documentos e informações pedidas “à disposição”.
Quanto a uma eventual suspensão dos padres da diocese que são suspeitos, D. João Marcos nota ainda que uma possível decisão só surgirá “depois de uma segunda análise dos casos” e que “cada caso é um caso”.
D. João Marcos terá saído mais cedo da reunião da Conferência Episcopal e, por isso, desconhecerá ainda o nome dos nove suspeitos da diocese que gere. “Há nove situações, não digo casos. Dos quatro que eu apresentei, foram valorizados um ou dois apenas”, tendo a Comissão Independente apresentado outros cinco casos.
No domingo, o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, afastou, no domingo, a suspensão de alegados padres suspeitos de abuso sexual de menores sem que haja “factos comprovados, sujeitos a contraditório” e um processo canónico feito pela Santa Sé.
Dentro da Igreja Católica haverá opiniões contrárias a esta posição, tendo na segunda-feira o bispo auxiliar de Braga defendido a suspensão dos suspeitos. Nuno Almeida referiu que “pedir perdão é necessário, mas não é suficiente”, sublinhando que “não pode continuar a haver vítimas, agressores e encobridores”, face às denúncias de abusos sexuais na Igreja Católica.