Hoje irá andar pelas fábricas, almoça com empresários e vai apresentar o novo sistema de mobilidade rápida entre Guimarães e Braga.

António Costa bem precisa de um capacete para esta quarta-feira. Para além de visitar algumas fábricas importantes do distrito de Braga, iniciando hoje um programa de dois dias, certamente continuará a ser alvo de críticas por parte da oposição e até pode vir aí um dissabor com o Presidente da República, isto depois de ontem à noite ter travado a demissão pedida (e anunciada) pelo ministro das Infraestruturas ao fim da tarde.


António Costa bem precisa de um capacete para esta quarta-feira. Para além de visitar algumas fábricas importantes do distrito de Braga, iniciando hoje um programa de dois dias, certamente continuará a ser alvo de críticas por parte da oposição e até pode vir aí um dissabor com o Presidente da República, isto depois de ontem à noite ter travado a demissão pedida (e anunciada) pelo ministro das Infraestruturas ao fim da tarde.

A iniciativa “Governo + Próximo”, que decorre de 03 a 04 de maio em todos os concelhos do distrito de Braga, segue-se à decisão de António Costa em não aceitar o pedido de demissão de João Galamba, apesar da opinião contrária manifestada pelo chefe de Estado Marcelo Rebelo de Sousa.

Com o Governo ‘deslocado’ para Braga, o executivo terá mais de 90 iniciativas neste distrito centradas nos temas da inovação, qualificações e mobilidade, realizando visitas e ações no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência, divulgou a tutela.

Na quinta-feira, o segundo dia desta iniciativa, decorrerá também uma reunião do Conselho de Ministros.

Em pleno “Galambagate” (analogia com o caso americano Watergate que levou à queda do Governo Nixon), Costa começa o dia entre o vale do Ave e o vale do Cávado, primeiro numa visita à fábrica de construção de módulos para construção ‘off-site’, Blufab, que pertence à gigante da construção Grupo Casais, com sede em Mire de Tibães, Braga. Ainda de manhã, passa por Famalicão, na sede da histórica indústria têxtil Manuel Gonçalves, onde irá visitar a ‘base’ inspirada em arquitetura oriental, sediada em Vale de São Cosme.

Antes de seguir para a região do Alto Ave e do Tâmega, o primeiro-ministro vai almoçar com alguns empresários do Minho, para depois inaugurar a nova fábrica de uma das maiores indústrias portuguesas do alumínio, a Lingote, em Fafe, um investimento com construção da Garcia Garcia e que prevê a contratação de mais de uma centena de colaboradores.

Durante a tarde, o grande momento do dia está reservado para a apresentação do tão desejado meio de transporte rápido entre as cidades de Braga e de Guimarães, que tantas dores de cabeça dá à população e aos autarcas. Dessa forma, será António Costa a estar na linha da frente na apresentação do projeto Bus Rapid Transit.

O dia fecha com um jantar com autarcas e com elementos da Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte..

Na quinta-feira, António Costa terá durante a manhã a reunião do Conselho de Ministros, que decorrerá Mosteiro de São Martinho de Tibães, em Braga, enquanto durante a tarde visita obras da Residência Estudantil do IPCA/B-CRIC [Instituto Politécnico do Cávado e Ave/Barcelos Collaborative Research and Innovation Centre], em Barcelos.

A agenda da iniciativa “Governo + Próximo” para o distrito de Braga envolve também ações de 15 ministros, nenhum destes o ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Nos últimos dias, o ministro das Infraestruturas tem estado envolvido em polémica com o seu ex-adjunto Frederico Pinheiro, que demitiu há uma semana, sobre informações a prestar à Comissão Parlamentar de Inquérito à Tutela Política da Gestão da TAP.

O caso envolveu denúncias contra Frederico Pinheiro por violência física no Ministério das Infraestrutura e furto de um computador portátil, já depois de ter sido demitido, e a polémica aumentou quando foi noticiada a intervenção do Serviço de Informações e Segurança (SIS) na recuperação desse computador.

Na terça-feira, durante a manhã, o primeiro-ministro recebeu o ministro João Galamba na residência oficial de São Bento. Depois, de tarde, esteve no Palácio de Belém, entre cerca das 17:00 e as 18:45, numa audiência que solicitou ao Presidente da República.

Perto das 20:20, o ministro das Infraestruturas divulgou um comunicado a informar que “no atual quadro de perceção criado na opinião pública” tinha apresentado o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, “em prol da necessária tranquilidade institucional” – que António Costa recusaria cerca de meia hora depois.

António Costa considerou que a João Galamba não é “imputável pessoalmente qualquer falha” e disse que mantê-lo como ministro é uma decisão que o “responsabiliza integralmente” como primeiro-ministro, tomada provavelmente contra a opinião da maioria dos portugueses e certamente contra os comentadores.

Numa nota publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, depois de António Costa anunciar a decisão de não aceitar o pedido de demissão de João Galamba, o Presidente da República assumiu uma discordância em relação ao primeiro-ministro “quanto à leitura política dos factos” que o levaram a manter João Galamba “no que respeita ao prestígio das instituições”.

“O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.