Max Smit é um dos russos que se juntou a este grupo, iniciado em agosto, e, até ao conflito começar, nunca tinha pegado numa arma. O homem, de 35 anos, trabalhava no leste da Europa, e conta que os seus familiares dizem que ele é um nazi e que lhe disseram para implorar por perdão a Deus quando fez uma tatuagem do brasão da Ucrânia.

Danil Yugoslavsky é um dos russos que, para além de estar contra a guerra na Ucrânia, luta contra o país onde nasceu, no âmbito da guerra que atingiu o leste europeu, a 24 de fevereiro do ano passado.

Segundo o jovem, de 29 anos, contou à Reuters, durante muitos anos protestou contra o governo russo, e as ideias do presidente do país, Vladimir Putin, mas acabou  por, em 2017, partir para Espanha, de onde saiu para lutar pela liberdade em território ucraniano.

“Tudo mudou para mim quando o primeiro míssil caiu em Kyiv”, contou à agência de notícias, em Varsóvia, na Polónia, no início do ano. O combatente atravessou depois a fronteira para lutar pela Ucrânia, e, de acordo com o que os responsáveis contaram, foi para a frente de batalha nas últimas semanas, onde foi atingido numa perna – estando agora a recuperar.

A Reuters conta que, tal como cerca de 200 outras pessoas – números que a agência não conseguiu verificar, mas lhes foram dados pelos recrutadores – Yugoslavsky recebeu treino de uma milícia de extrema-direita, composta só por combatentes russos. O grupo Europa Antifascista considera que o fundador desta milícia – Corpo de Voluntários Russo (Russia Volunteer Corps, RVC, na sigla em inglês) – é supremacista e neo-nazi. O responsável, Denis Nikitin, recusou falar com a Reuters, mas tem vindo, de acordo com a agência a descrever-se como um nacionalista que luta pela Rússia, recusando as considerações do Europa Antifascista.

Também Yugoslavsky negou a ideia de que se tinha inscrito, depois de um apelo feito no YouTube, num grupo de extrema-direita, sublinhando, no entanto, que a necessidade de derrotar Putin superava quais formações políticas.

Max Smit é outro russo que se juntou a este grupo, iniciado em agosto, e, até ao conflito começar, nunca tinha pegado numa arma. O homem, de 35 anos, trabalhava no leste da Europa, e conta que os seus familiares dizem que ele é um nazi e que lhe disseram para implorar por perdão a Deus quando estes fez uma tatuagem do brasão da Ucrânia.

“Desliguei-me completamente da vida que tinha”, contou Smit, desenvolvendo: “A vida pessoal e a guerra são duas coisas incompatíveis. Vim para cá para me entregar por completo à guerra”.

À Reuters, especialista Mark Galeott explicou que a existência de grupo de extrema-direita nos dois lados do conflito é um sinal do insucesso do movimento ultranacionalista russo. Segundo o que explicou, alguns dos combatentes procuram a restauração do poder histórico da Rússia, enquanto outros querem ver um país mais pequeno, com grupos étnicos reduzidos. “Alguns pensam que a luta da Ucrânia contra uma Rússia maligna é a sua causa. E outros pensam que a sua pátria é a causa”, detalhou.

Os dois homens com quem a Reuters falaram explicaram que à chegada a Varsóvia, foram submetidos ao teste do polígrafo, como também a testes psicológicos e exames. O treino durou mais de dois meses.

O apelo a que estes dois russo responderam foi feito no YouTube  pelo Conselho Cívico, um grupo de ativistas anti-Putin, com base na capital polaca. Um dos fundadores do movimento, também russo, referiu que o Conselho Cívico não tinha nenhuma ideologia de extrema-direita. 

“Uma Rússia nacionalista não é uma Rússia fascista”, afirmou à Reuters Denis Sokolov. “Temos um inimigo em comum, e temos de nos unir”, rematou.

O Conselho Cívico trabalha com um ucraniano, que não quis ser identificado, e que disse à Reuters que funcionava com o exército do país, nomeadamente, na preparação da documentação dos voluntários estrangeiros e nas passagens para a fronteira com o país em guerra.

A agência terá tido acesso a documentação onde o nome deste homem aparece em relatórios do Ministério da Defesa da Ucrânia, e onde este indivíduo é identificado como alguém com funções de recrutamento.

A tutela em questão não respondeu às questões da Reuters, assim como a embaixada da Ucrânia na Polónia ou mesmo o governo polaco.