O Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) convocou uma greve de 24 horas para o dia 31 de maio na CP — Comboios de Portugal, considerando que o acordo com os maquinistas “jamais trará a paz social à empresa”.

Num comunicado hoje divulgado, o SFRCI revelou que, “em representação dos trabalhadores ferroviários da CP”, entregou um “pré-aviso de greve de 24 horas para o dia 31 de maio de 2023”.

“A direção deste sindicato, no seguimento de reunião com a Administração da CP realizada no dia 10 de maio 2023, ao ter conhecimento dos termos do acordo realizado entre esta e o sindicato dos maquinistas, verificou que esse acordo coloca em causa o acordo realizado entre Ministério das Infraestruturas, IMT, CP com o SFRCI em conjunto com outras ORT [organizações representativas dos trabalhadores] em 2018, no que respeita as regras de segurança da circulação de comboios”, referiu, na mesma nota.

O SFRCI disse que “a Administração da CP tem conhecimento que os termos do acordo com o SMAQ [Sindicato Nacional dos Maquinistas], em que coloca em causa postos de trabalho, segurança da circulação e desigualdade salariais, jamais trarão a paz social à empresa”.

Este acordo, garantiu, “põe igualmente em causa o deliberado pelo Ministério das Finanças relativamente aos aumentos salariais decididos para os trabalhadores e trabalhadoras da função pública e setor empresarial do Estado”.

“A CP, com o aumento salarial de janeiro 2023, com o aumento salarial intercalar que irá realizar em breve e com a abertura das negociações dos acordos empresa possuía todas as condições/ferramentas cedidas pelas tutelas para garantir a paz social na empresa, no entanto decidiu romper com acordos em vigor”, lamentou a estrutura sindical.

“Estão em causa postos de trabalho atuais e futuros”, referiu, garantindo que irá “em breve” informar sobre “os termos dos pré-avisos de greves a realizar no mês junho”.

Na semana passada, o SNTSF – Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário e a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) disseram que as soluções da CP “acentuam desigualdades entre os trabalhadores”, referindo-se ao acordo recentemente anunciado com o SMAQ depois de uma reunião com a administração da empresa.

Os sindicatos indicaram que lhe foi dito que “o acordo publicitado com uma outra organização [SMAQ] resume-se à distribuição de ganhos de produtividades, pela operação em agente único nas marchas em vazia ao nível nacional”. Ou seja, a circulação apenas com um maquinista.

Houve ainda atualizações de valores previstos no Acordo de Empresa (AE) geral, sendo que as estruturas sindicais dizem não ter sido contactadas.

“Estamos perante uma alteração unilateral por parte da administração/Governo, de cláusulas do AE Geral” sem “qualquer negociação com os subscritores do mesmo”, referiram.

“A solução da chamada redistribuição de ganhos de produtividade anunciada é a retomada de um projeto antigo da operação em agente único”, destacaram, salientando que “tem como resultado a redução de postos de trabalho”, assim como “põe em causa a segurança na circulação”.