A ministra do Interior britânica, Suella Braverman, recusou hoje ter tentado obter tratamento preferencial na sequência de uma multa por excesso de velocidade, mas evitou esclarecer o sucedido.
Questionada na Câmara dos Comuns (câmara baixa do parlamento), Braverman confirmou que no verão passado foi apanhada a conduzir em excesso de velocidade.
“Lamento tê-lo feito, paguei a multa e aceitei os pontos [na carta de condução]”, afirmou.
“Não se passou nada de irregular nem tentei evitar a punição em nenhum momento”, vincou.
No entanto, Suella Braverman não esclareceu sobre as alegações de que terá pedido um curso privado de sensibilização para evitar ser penalizada com os pontos na carta de condução, em vez de assistir a um curso com outros automobilistas multados.
De acordo com o jornal The Sunday Times, a ministra terá pedido a intervenção de funcionários públicos do ministério, que têm a obrigação de ser politicamente neutros.
“Toda a gente consegue ver que ela não está a responder às perguntas factuais básicas sobre o que disse aos funcionários públicos e ao seu assessor [político] especial”, salientou a deputada do Partido Trabalhista Yvette Cooper.
O porta-voz do primeiro-ministro britânico confirmou hoje que Rishi Sunak discutiu o caso com o seu conselheiro de ética Laurie Magnus, abrindo caminho a uma possível investigação, como a oposição exige.
Suella Braverman foi forçada a demitir-se do Governo liderado por Liz Truss no outono passado por ter enviado documentos oficiais a partir de um endereço eletrónico pessoal.
A decisão de Rishi Sunak de a reconduzir como ministra do Interior poucos dias após a demissão foi fortemente criticada.
Membro da ala direita do Partido Conservador, Braverman é conhecida pelo discurso duro em matéria de segurança e imigração, tendo avançado recentemente com uma proposta de lei para impedir que pessoas que chegam ao Reino Unido em embarcações pelo Canal da Mancha possam pedir asilo no país.
O texto, conhecido por ‘Stop the Boats Bill’ [lei para ‘Parar os Barcos’], foi condenado pelo Arcebispo da Cantuária, Justin Welby, que o qualificou como “moralmente inaceitável e politicamente inviável”.
Sunak chegou ao Governo em outubro com a promessa de virar a página dos escândalos da era Boris Johnson, prometendo “integridade, profissionalismo e responsabilidade”.
Porém, em seis meses, perdeu três membros da equipa, nomeadamente Nadhim Zahawi, demitido devido à falta de transparência com questões fiscais pessoais, Gavin Williamson e Dominic Raab, ambos após acusações de alegada intimidação (‘bullying’).