Em causa está um caso tornado público no ano passado sobre uma criança, de 10 anos, do Ohio, que viajou até ao Indiana para abortar após ser violada.

Uma médica de Indianápolis, no Indiana, poderá ser alvo de uma ação disciplinar depois de falar publicamente sobre o aborto de uma criança, de 10 anos, vítima de violação, no estado vizinho do Ohio. A profissional de saúde deve ser ouvida, esta quinta-feira, pelo Conselho de Licenciamento Médico.

De acordo com a Associated Press, a audiência ocorre depois de o procurador-geral republicano de Indiana ter acusado a médica, Caitlin Bernard, de violar a lei estadual por não denunciar o abuso infantil da criança às autoridades de Indiana. Além disso, é também acusada de violar as leis federais de privacidade de um paciente ao contar a um jornalista sobre o tratamento da criança.

Por sua vez, a médica alega que a violação da criança já estava a ser investigada pelas autoridades do Ohio e que não divulgou qualquer informação que violasse as leis de privacidade, uma vez que não cedeu qualquer detalhe de identificação da menor. 

Sublinhe-se que o caso ficou conhecido em julho do ano passado após ser avançado pelo Indianapolis Star, graças ao relato da médica ginecologista e obstetra. Horas depois da decisão do Supremo Tribunal dos EUA que revogava o direito constitucional ao aborto, o Ohio baniu o direito ao procedimento a partir das seis semanas.

A médica revelou que a mãe da criança de 10 anos, do Ohio, teve de viajar até ao Indiana para a menor abortar depois de engravidar na sequência de uma violação. O caso foi-lhe relatado por um colega do Ohio.

Um homem, de 37 anos, foi detido e confessou o crime.

Agora, na queixa, o procurador-geral de Indiana pediu ao conselho de licenciamento que impusesse uma “ação disciplinar apropriada” à medica. A decisão deverá ser tomada hoje.