A OMS assinala, na quarta-feira, o Dia Mundial Sem Tabaco. A cada minuto 10 milhões de fumadores acendem um cigarro.
Organização Mundial de Saúde assinala na quarta-feira o Dia Mundial Sem Tabaco, quando dados divulgados hoje indicam que a cada minuto 10 milhões de fumadores acendem um cigarro e 15 pessoas morrem por causa do tabaco.
Seguem-se dados divulgados pela agência France-Presse:
Quantos são os fumadores?
Numa população de oito mil milhões de pessoas, os fumadores são estimados em mais de mil milhões pela OMS e a The Tobacco Atlas, centro de informações sobre o tabaco da organização não-governamental norte-americana Vital Strategies.
De acordo com aquele centro e a Universidade de Illinois em Chicago, os fumadores consomem anualmente mais de cinco mil milhões de cigarros.
A proporção de fumadores têm vindo a diminuir globalmente há vários anos, devido a medidas governamentais contra o tabaco, como o aumento de impostos, e também ao surgimento recente dos cigarros eletrónicos.
Em 2000, um terço da população mundial com mais de 15 anos fumava, proporção que é hoje de perto de 20%.
Onde se fuma mais?
A China é o país com maior número de fumadores, com perto de 300 milhões entre 1,4 mil milhões de habitantes, segundo dados da OMS de 2020.
A Indonésia é o país com a maior proporção de homens fumadores, 62,7% dos quais maiores de 15 anos.
Os cigarros são um problema que agora atinge principalmente os países pobres: 80% dos fumadores vive em países de rendimento médio-baixo.
Em África e no Médio Oriente, o tabagismo tem diminuído pouco e em alguns casos aumentou, como no Egito, no Líbano ou no Iraque.
Quantas mortes são causadas pelo tabaco?
O tabaco é a principal causa de morte evitável, matando uma pessoa no mundo a cada quatro segundos.
O tabagismo ativo ou passivo matou quase nove milhões de pessoas em 2019, segundo o estudo “Global Burden of Disease” publicado em 2021 na revista científica The Lancet.
As principais doenças associadas ao tabaco são os cancros, em particular o do pulmão, os enfartes (ataques de coração), os acidentes vasculares cerebrais (AVC) e os distúrbios respiratórios do tipo DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica).
No século XX, o tabaco fez 100 milhões de vítimas mortais (investigação publicada em 2009 na revista científica Nature), mais do que os 60 a 80 milhões da segunda guerra mundial somados aos 18 milhões da primeira guerra mundial.
O tabagismo em massa pode causar 450 milhões de mortes na primeira metade do século XXI, além de ser caro para a sociedade: absorve 6% dos gastos globais com a saúde, indica um estudo coordenado pela OMS, divulgado em 2018 pela revista Tobacco Control.
Quais são os efeitos no planeta?
Os cigarros prejudicam não apenas os pulmões e as artérias dos fumadores, mas também o planeta: a produção e o consumo de tabaco libertam anualmente 84 milhões de toneladas de dióxido de carbono, o equivalente a um quinto da poluição causada por aviões comerciais (dados da OMS).
Quase um milhão de toneladas de beatas, com os seus filtros de acetato de celulose, não biodegradáveis, são deitadas fora todos os anos.
O cultivo do tabaco requer anualmente 22 mil milhões de toneladas de água e a indústria produz 25 milhões de toneladas de resíduos sólidos.
Estará o setor em declínio?
Apesar da queda gradual do consumo de tabaco observada desde 2012, o mundo das tabaqueiras não parece enfraquecido.
O Tobbaco Atlas sublinha que nos países ricos a poderosa indústria se diversificou em produtos alternativos, com o cigarro eletrónico em primeiro lugar. Nos países de rendimento médio-baixo, as grandes tabaqueiras continuam com a sua “agressiva” política de preços e gastam grandes somas para combater as medidas antitabaco.
Dois gabinetes norte-americanos de análise económica preveem, para os próximos cinco a oito anos, um aumento anual de cerca de 2,5% no volume de negócios global do setor, que representará no corrente ano 940 mil milhões de dólares (875 mil milhões de euros).
Por ocasião do Dia Mundial Sem Tabaco, a OMS apelou aos agricultores para cultivarem alimentos em vez de plantas do tabaco, para aumentar a segurança alimentar, mas assinala que em África as áreas dedicadas a esta cultura aumentaram perto de 20% em 15 anos.