Duas das quatro crianças feridas no ataque com faca em Annecy ainda correm risco de vida, declarou hoje o porta-voz do Governo francês, antes de o Presidente francês se deslocar ao local do incidente, no leste de França.

Pelo que sei, ainda há duas crianças que enfrentam risco de morte”, declarou Olivier Véran à rádio pública France Info, especificando que “foram realizadas intervenções cirúrgicas” nestas vítimas.

Na quinta-feira, um agressor com uma faca feriu seis pessoas — incluindo quatro crianças pequenas — num parque na cidade de Annecy, nos Alpes Franceses, tendo sido detido após o ataque, informou o Ministério da Administração Interna francês.

O ataque provocou uma avalancha de reações no mundo político, com parlamentares de direita e de extrema-direita a destacarem a origem e o estatuto do agressor, um refugiado sírio de 31 anos.

“Repostas terão de ser dadas (…). Mas não entendo, quando estamos num momento de emoção, quando há crianças em blocos de cirurgia, que uns e outros entrem num jogo nada saudável de explicações e justificativas. Não é hora de se fazer isso”, alertou Olivier Véran.

“Precisamos de transparência, é óbvio, e devemos fazer de tudo para que este tipo de tragédia não volte a acontecer. Mas primeiro temos de fazer todo este trabalho preliminar” de investigação, acrescentou.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, é esperado hoje na cidade de Annecy.

As motivações do agressor ainda não foram esclarecidas e o ataque não tem um “motivo terrorista aparente”, de acordo com a procuradoria francesa.

“Não é uma deslocação para gerar polémica”, sublinhou o porta-voz do Governo, assinalando que Macron vai a Annecy para visitar as vítimas e as suas famílias, bem como os agentes e os serviços de emergência que intervieram no local do ataque.

O agressor, Abdelmasih H., está sob custódia das autoridades policiais e hoje será submetido a um exame psiquiátrico.

Em alguns dos vídeos que circulam na internet, ouve-se o agressor a gritar “em nome de Jesus Cristo” enquanto realizava o ataque.

O atacante usava um crucifixo e entre os seus pertences estava um livro de orações. Declarou-se cristão quando pediu asilo.

Há dez anos obteve o estatuto de refugiado na Suécia, onde se casou e tem um filho com uma mulher de quem se separou no ano passado.

Desde o final de 2022 está em França onde pediu asilo, mas não tem morada fixa.

A resposta ao pedido de asilo, que foi negativa, chegou-lhe no passado domingo, ou seja, dias antes do ataque no parque em Annecy, como sublinharam as autoridades francesas.