Até agora, “não se conseguiu demonstrar quem foi o autor dos desvios das contas bancárias”, ou seja, a acusação “ainda não foi provada”. Quem o diz é o advogado Licínio Ramalho, que defende Manuel Correia, um homem de Braga que ontem começou a ser julgado no Tribunal local como principal arguido de um processo de ‘phishing’, ou seja, de desvio de dinheiros de contas bancárias alheias, no caso de 31 mil euros.

A tese do jurista é subscrita por outro advogado, João Araújo Silva, com escritório em Vila Verde e que defende um outro arguido – acusado de branqueamento.

Ontem, na primeira sessão do julgamento, a única arguida dos três presentes que aceitou falar declarou ao Tribunal que não foi ela quem abriu a conta bancária existente em seu nome no banco Montepio por onde passou uma parte dos 31 mil euros, alegadamente furtados em 2014.

A mulher, de nome Joana, garantiu que a assinatura que consta na ficha do banco não é dela, o que levou o coletivo de juízes a pedi-la ao Montepio, para ser analisada na próxima sessão.

Na ocasião, o Tribunal ouviu 13 lesados, enquanto testemunhas, os quais contaram como lhes foi retirado o dinheiro da conta que tinham no banco – quantias que chegavam a dois mil euros de cada vez- , embora nenhum deles tenha sabido dizer quem é que ordenou a transferência ilícita.

Os lesados são de Braga, Guimarães e Mirandela, entre outras localidades.

Inicialmente, o processo tinha cinco arguidos, mas um deles vai ser julgado em separado. Na audiência de ontem, apenas compareceram três, dado que um está doente, por acidente de trabalho.

O Ministério Público acusou um dos arguidos, Manuel Correia, de Braga, de sete crimes de acesso ilegítimo, e um de branqueamento. Os outros quatro, de branqueamento.

O MP diz que, em 2014, Manuel Correia concebeu um plano para aceder, através da internet, a contas bancárias de cidadãos portugueses, recorrendo para tal a uma página falsa, idêntica à do Montepio, através da qual – alguém não identificado – conseguiu que alguns clientes fornecessem os códigos de acesso às contas bancárias.