Paleoantropólogos norte-americanos garantem que tíbia tem cerca de 1,45 milhões de anos.
A paleoantropóloga norte-americana Briana Pobiner, especialista no estudo da dieta de hominídeos extintos, procurava por vestígios de dentadas de animais numa tíbia fóssil com cerca de 1,45 milhões de anos quando se apercebeu de algo estranho.
O osso, encontrado na década de 1970 no Quénia e em exposição no Museu Nacional daquele país, tinha várias marcas “retas e paralelas”, numa das extremidades que não podiam ter sido feitas por nenhum animal, que não um humano, revela a mais recente edição da revista Scientific Reports.
Briana e os colegas acreditam então que estão perante o caso mais antigo de canibalismo humano alguma vez identificado, muito provavelmente praticado pelo ‘Homo habilis’, um hominídeo capaz de fabricar ferramentas e com um corpo muito semelhante ao nosso, que viveu em África e povoou a Eurásia.
“Tanto os humanos modernos como os nossos antepassados praticaram canibalismo e esta descoberta mostra-nos quão antiga é esta prática”, explicou a investigadora do Smithsonian Institution, localizado nos EUA, à revista da especialidade.
Os investigadores procuram agora mais sinais de canibalismo em fósseis semelhantes para comprovar a teoria de canibalismo, uma vez que assumem ser difícil provar que se trata de canibalismo com um único osso, apesar de defenderem que é o mais provável.
Até agora, o caso mais antigo de canibalismo era o de um grupo de 10 hominídeos, a maioria crianças e adolescentes, que foram assassinados, esquartejados e comidos pelos seus pares há cerca de 900 mil anos, na Serra da Atapuerca, em Burgos.