O Kremlin tem utilizado várias técnicas para recrutar o maior número de civis para o esforço de guerra, mas a cidade de Moscovo tem escapado a estas iniciativas.
Os serviços de inteligência do Reino Unido dão conta, esta terça-feira, das pressões sentidas por empresas de construção russas para enviarem “voluntários” para combater na guerra na Ucrânia, com esta pressão por parte do Kremlin a incidir em particular em zonas mais pobres e habitadas maioritariamente por minorias étnicas do país.
Através do seu balanço diário no Twitter, o Ministério da Defesa britânico afirmou que “as autoridades municipais de Moscovo estão muito provavelmente a ameaçar cortar contratos com empresas de construção, se estas falharem as quotas para providenciar ‘voluntários’ para servir na Ucrânia”.
“Esta medida afetará primariamente minorias étnicas em zonas pobres da Rússia, como o Daguestão ou os estados da Ásia Central, que fazem parte da maioria dos trabalhadores de construção civil em Moscovo”, explicam os serviços britânicos.
Além disso, conforme explica o Reino Unido, a decisão de ‘escudar’ os moscovitas da guerra serve para tentar que esta população continue a não se insurgir contra o esforço de guerra, partindo provavelmente com o “patrocínio do ‘mayor’ de Moscovo, Sergey Sobyanin”.
O comunicado dá ainda o exemplo de uma empresa à qual “terá sido colocado o objetivo de 30 voluntários até ao final de agosto de 2023”.
O regime russo tem aplicado várias medidas para recrutar civis para o esforço de guerra na Ucrânia, através de várias mobilizações. A maior e mais mediática ocorreu em setembro do ano passado, quando Vladimir Putin anunciou uma “mobilização militar parcial de reservas”, com mais de 300 mil pessoas recrutadas.
A mobilização foi anunciada em setembro pelo presidente Vladimir Putin, levando dezenas de milhares de russos a tentar fugir do país, por via aérea e terrestre, criando filas enormes nas fronteiras com a Finlândia, a Geórgia, entre outros.
Em vários locais da Rússia houve também incidentes de insurgência contra o recrutamento obrigatório, nomeadamente no Daguestão, com os civis a resistirem às autoridades.
O Kremlin disse, na altura, que a chamada era para homens com experiência militar, mas o regime foi criticado até por figuras da propaganda russa nas televisões, quando relatos de civis arrastados para autocarros começaram a circular.