É um camarão-girino (Lepidurus apus), habita charcos e, em Portugal, só é conhecida a sua presença em Ponte de Lima. O anúncio foi feito esta terça-feira durante a apresentação do primeiro Livro Vermelho dos Invertebrados de Portugal Continental, onde são divulgadas mais de 800 espécies e a sua avaliação de risco de extinção.

No caso do crustáceo limiano, por apenas ser conhecida a sua presença na região protegida das Lagoas de Bertiandos, a espécie foi avaliada pela nova publicação como encontrando-se “criticamente em perigo”.

O risco de extinção desta espécie, bem como das restantes avaliadas no livro, surgem de acordo com os critérios e categorias da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A iniciativa surgiu graças ao projeto “Elaboração da Lista Vermelha de Grupos de Invertebrados Terrestres e de Água Doce de Portugal Continental”, coordenado pelo Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais e pelo Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade (CHANGE), em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

Nas conclusões do projeto, às quais O MINHO teve acesso, é salientado que este “elenco de espécies não é representativo da considerável diversidade dos invertebrados de Portugal, nem tão pouco inclui as espécies mais ameaçadas no nosso país”.

“Diversas espécies de invertebrados apresentam distribuições geográficas muito restritas ou são altamente especializadas no seu habitat, pelo que se encontram muito vulneráveis a alterações ambientais e a outro tipo de pressões”, concluem os cientistas que participaram no projeto.

Para os realizadores da primeira edição deste livro, “é imperativo que as medidas e estratégias de conservação sejam efetivas e adequadas ao nosso território e que contribuam para o esforço internacional de travar a perda de biodiversidade a nível mundial”.

“Atualmente enfrentamos uma crise de biodiversidade e os invertebrados são a face oculta, e geralmente ignorada, da conservação da natureza. Porém, a perda de invertebrados nos ecossistemas poderá resultar em graves consequências em processos ecológicos importantes, como a polinização”, concluem.

A apresentação da primeira edição do Livro Vermelho dos Invertebrados de Portugal decorreu esta terça-feira na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Reúne insetos, aranhas, gastrópodes, bivalves e crustáceos.