Cerca de 10% das investigações realizadas pela Polícia Judiciária (PJ) entre 2013 e 2022 referem-se a crimes sexuais, totalizando 31.950 inquéritos, revelou hoje o diretor nacional adjunto, Carlos Farinha.

Segundo dados apresentados na conferência “Desvendar a Criminalidade Sexual” na sede da PJ, em Lisboa, o ano com o maior número de investigações associadas à criminalidade sexual foi 2020, com 4.473 inquéritos, enquanto 2013 registrou o menor número, com 2.372 investigações.

O pico de atividade em 2020 foi impulsionado pelo contexto da pandemia de COVID-19, com um aumento significativo de investigações relacionadas com o crime de pornografia de menores, totalizando 2.112 casos, quase metade dos inquéritos desse ano, atribuindo-se este aumento aos períodos de confinamento.

O crime mais presente nas investigações da PJ ao longo da última década foi o abuso sexual de crianças, com 13.030 casos, mantendo alguma estabilidade nas estatísticas. O abuso sexual de crianças destacou-se em comparação com outros crimes sexuais, como pornografia de menores (6.576) e violação (5.180).

Em 2023, os dados apontam para 2.479 vítimas de criminalidade sexual nos primeiros três trimestres, sendo 1.842 menores de 18 anos. A maioria das vítimas (876) tinha entre oito e 13 anos, e a relação familiar entre agressor e vítima estava presente em 51% dos casos.

Quanto à idade dos agressores, verifica-se um equilíbrio na distribuição, com as faixas etárias de 31 a 40 e 41 a 50 representando ambas 21%, seguidas pelos grupos de 21 a 30 e 51 a 60, ambos com 14%.

As estatísticas também evidenciam que o abuso sexual de crianças é praticado quase exclusivamente por homens, que representam 96% dos agressores. No crime de violação, 98% dos agressores são do sexo masculino, enquanto as vítimas são em grande parte do sexo feminino (92%).