FC Porto vence Sporting e conquista supertaça numa reviravolta épica

O clube azul e branco recuperou de uma desvantagem de três golos, vencendo por 4-3 após prolongamento, e conquista a Supertaça pela 24.ª vez

O FC Porto sagrou-se campeão da Supertaça Cândido de Oliveira pela 24.ª vez, após uma vitória dramática sobre o Sporting por 4-3, em Aveiro. A partida, que terminou empatada a 3-3 no tempo regulamentar, foi decidida no prolongamento, com o FC Porto a protagonizar uma das mais memoráveis reviravoltas da sua história.

Aos 27 minutos, os dragões encontravam-se a perder por 3-0, com golos de Gonçalo Inácio, Pedro Gonçalves e Geovany Quenda a colocarem o Sporting em vantagem. No entanto, o FC Porto não baixou os braços e respondeu de forma contundente, reduzindo a desvantagem com golos de Galeno aos 28 e 66 minutos, e de Nico González aos 64 minutos, forçando o prolongamento.

No tempo extra, Iván Jaime marcou aos 101 minutos, selando a vitória épica do FC Porto e garantindo a 24.ª Supertaça para o clube azul e branco. Esta conquista eleva o total de títulos do FC Porto para 86, mais do que qualquer outro clube português.

Na sua newsletter Dragões Diário, o clube não deixou de alfinetar o rival, referindo-se ao espetáculo de fogo de artifício dos adeptos do Sporting, que celebravam prematuramente a vitória: “Com três golos de vantagem antes da meia-hora, os adeptos do Sporting já se preparavam para festejar o quinto triunfo em cinco finais contra o FC Porto – tanto que interromperam o jogo com um espetáculo de fogo de artificio -, mas esqueceram-se de que quem veste de azul e branco nunca baixa os braços e acabaram por apanhar as canas.”

Esta vitória marca a estreia oficial do treinador Vítor Bruno no comando do FC Porto, que começa a sua era com um triunfo inesquecível, reforçando a posição do clube como um dos mais dominantes do futebol português.

Vítor Bruno, treinador do FC Porto, na conferência de imprensa no Estádio Municipal de Aveiro, após a vitória na Supertaça, por 4-3, no prolongamento, frente ao Sporting:

«[Apesar de um início muito bom, a pressionar alto, sofre três golos em pouco tempo e a equipa teve muitas dificuldades defensivas. Como se explica?] Entrámos muito bem, aqueles primeiros cinco minutos foram de nível altíssimo a condicionar o Sporting, a tapar canais na saída de bola. Sentimos o Sporting desconfortável, podíamos ter feito golo, depois na primeira bola parada fazem o 1-0. Logo a seguir, surge o 2-0 e senti a equipa perdida em campo. Faltou, se calhar, voz do treinador para tentar serenar e acalmar. Depois é tentação dos jogadores ir à procura do que está perdido, mais pela emoção do que razão e isso atirou-nos para a lama. Sofremos o 3-0 e depois fazemos o 3-1, que é o momento decisivo.

Tentámos corrigir e que os jogadores agarrassem a nossa ideia, fazendo um golo abriríamos a história do jogo e isso aconteceu. Quem entrou acrescentou valor e isso é uma mensagem forte. Fazemos 3-2, o 3-3 e a parte final é nossa. Depois, no prolongamento, com alguma felicidade, fazemos o 4-3 e depois foi sofrermos juntos, agarrados ao nosso espírito, que são valores desta gente que tanto trabalha, que tanto é brava, que é o nosso compromisso aqui dentro, que não é negociável. Enquanto o jogo não for concluído é agarrar à esperança e perceber até onde podemos ir.»

«[Apelou ao ADN Porto no intervalo] Foi preciso apelar a muita coisa. A vantagem de estar aqui há algum tempo é conhecê-los como ninguém, possivelmente até eles duvidaram do que estamos a construir, a massa adepta igual. Os jogadores, mesmo assim, conseguiram ir buscar muito daquilo que é nosso, sentindo alguma impotência. Senti impotência na equipa, mérito do Sporting, uma excelente equipa que joga a um nível altíssimo, com várias hipóteses de entrar no adversário. Tivemos dificuldade em controlar o momento ofensivo do Sporting.»

«[Ficou isolado no centro do terreno, no final. O que lhe passou pela cabeça?] Passam muitas coisas pela cabeça, é o início de uma carreira numa missão diferente, sei o que me espera, nem sempre vai correr bem. Fomos felizes em determinados momentos, mas quando me entregaram este cargo ninguém me deu uma coroa. O Vítor Bruno do passado é o mesmo de agora, mas tenho de tomar decisões. Tento estabelecer um compromisso forte com o trabalho, aqui dentro não há estatutos, não há quem seja mais importante, todos vão ter os seus momentos, a aceitação das decisões é que tem de ser total.»

«[Que sinais é que esta reviravolta dá do grupo?] São sinais fortes no caráter, mas nunca vou duvidar do que me podem dar. Conheço-os muito bem, é a grande vantagem que tenho perante alguém que viesse de novo para este lugar. Conheço as raízes deles, não foi novidade para mim como eles se reergueram, sei o que podem ir buscar em momentos de grande dificuldade. Trabalhamos e fomentamos isso diariamente no olival. Hoje, fomos felizes, podia ter caído para o lado Sporting. Se faz o 4-0, íamos despenhar-nos por completo. Quando estamos a perder por mais de um golo, há a tentação de querer ir buscar tudo com muita fome, ir com muita sede ao pote e, partir desse momento, cometemos erros atrás de erros. O intervalo foi um momento importante para falar com eles e apelar ao que é nosso, ao que temos tentado fidelizar nestas semanas e que voltassem a comprar as 40 e tal unidades de treino que temos e eles aceitaram o repto. Encarnaram os valores da massa Porto.»

«[O 3-2 foi galvanizador?] Não podemos desligar o 3-2 com as entradas em campo. Não quero puxar os louros para quem foi lançado, mas tiveram impacto no jogo, coincidiu com o nosso melhor momento. Fomos felizes na forma como fizemos o 3-2. O Eustáquio já me conhece há muito tempo, saiu de competição há menos tempo, fez a Copa América quase até ao final. O Vasquinho tem 1,70m, mas é gigante no caráter, capacidade de trabalho e talento que tem. Quando o talento anda de mãos dados com o compromisso fico tranquilo. Se tiver de os lançar, lanço, porque sei o que me vão dar. Toda a energia sentiu-se também vinda de fora, a partir da bancada, fruto da galvanização natural. É futebol, hoje tocou-nos a nós, caiu para o nosso lado, nem sempre vai ser assim. O Sporting tem uma qualidade de jogo impressionante, por vários meios chegam aos últimos 30 metros com facilidade. Quando não estamos bem organizados, corremos o risco que passamos hoje. Fomos felizes.»

Ruben Amorim, treinador do Sporting, na conferência de imprensa no Estádio Municipal de Aveiro, após a derrota na Supertaça, por 4-3, frente ao FC Porto:

«[Como se explica isto?] É difícil encontrar explicação, o golo do Galeno teve impacto no jogo porque deu esperança ao FC Porto. Depois do 3-2, tivemos um período em que devíamos ter segurado a bola e nos primeiros minutos fomos pressionados, mas a partir do primeiro golo até o fim do jogo estivemos mais perto do golo, com uma saída de bola melhor, com o FC Porto a bater longo. Sofremos dois golos muito rápidos, tivemos várias situações no início da segunda parte para matar o jogo, mas a parte psicológica mudou o jogo. Não há grande explicação, temos de ser melhores e o golo do Galeno é o momento do jogo. Estávamos perto do 4-0 que terminava o jogo.»

«[Só mexeu na equipa aos 80 minutos] Senti que a equipa estava a jogar bem, tínhamos controlo, mesmo antes do 3-2 sentíamos no estádio que o FC Porto não nos conseguia pressionar, aconteceu o que acontece no futebol… A seguir, devíamos ter tido mais bola e parte psicológica entrou aí. Só mexi quando vi a equipa cansada, até lá senti que a equipa estava a jogar melhor.»

«[Surpreendeu-o que o FC Porto nunca tenha colocado um segundo ponta de lança?] Segundo avançado… nem pensei nisso, senti que estávamos no controlo do jogo, mais perto do golo, tínhamos de ser melhores nos momentos decisivos e não podemos de forma alguma sofrer um golo em jogadas que não são construídas, temos de melhorar lá atrás.»

«[O que há para melhorar e mudar?] Momentos do jogo, perceber melhor os momentos, matar quando temos oportunidades e definir melhor em vantagem numérica na frente. Sentir que qualquer jogo está em aberto, porque é uma lição para nós. Não consigo chegar ao pé da equipa e dizer que jogámos mal. Entrámos devagarinho nos primeiros minutos, a partir daí dominámos o jogo, não fomos bons num lançamento e numa jogada no corredor. Depois, fomos atrás do resultado e, num remate que bate num jogador, é golo.»