Vítimas trabalhavam 12 horas por dia com condições desumanas e sem pagamento justo

A Polícia Judiciária (PJ) deteve, em Vila Verde e no Cadaval (distrito de Lisboa), dois cidadãos estrangeiros suspeitos de tráfico de seres humanos, acusados de explorar pelo menos dez trabalhadores, também estrangeiros, em condições de trabalho análogas à escravidão. A operação foi conduzida pela Diretoria do Norte da PJ, que recolheu provas substanciais sobre as atividades ilícitas da dupla.

De acordo com o comunicado da PJ, os detidos operavam desde meados de 2022, tendo constituído uma empresa que aliciava cidadãos estrangeiros com promessas de contratos de trabalho legítimos no setor da exploração florestal. No entanto, em vez de cumprirem as promessas contratuais, os trabalhadores eram submetidos a condições extremamente degradantes.

As vítimas eram forçadas a trabalhar 12 horas por dia, com apenas uma pausa de 15 minutos para alimentação, e só tinham direito a uma folga a cada duas semanas. Além disso, eram obrigadas a viver em alojamentos insalubres, pelos quais lhes era cobrada uma renda de 100 euros mensais. As condições de vida eram ainda agravadas pela falta de acesso a água potável e alimentação adequada, e os trabalhadores nunca recebiam o salário prometido pelos serviços prestados.

Após serem detidos, os suspeitos, de 37 e 39 anos, foram apresentados a um juiz para primeiro interrogatório judicial. Embora tenham ficado sujeitos a medidas de coação, estas não implicam a sua detenção, mantendo-se sob vigilância das autoridades.

A PJ prossegue a investigação para apurar se existem mais vítimas deste esquema de exploração laboral.