SC Braga ai nas Meias-Finais da Allianz Cup Frente ao Benfica

Guerreiros do Minho afastados após derrota por 3-0 em Leiria

O SC Braga ficou pelo caminho na Allianz Cup, ao ser derrotado pelo SL Benfica por 3-0, esta quarta-feira, nas meias-finais da competição. Apesar de entrar em campo com ambição e atitude, os minhotos não conseguiram travar a eficácia dos encarnados, que marcaram três golos ainda na primeira parte, dois por Di María (27’ e 37’) e um por Carreras (28’). O Braga despede-se assim do sonho de conquistar o troféu, mas deixa em campo o espírito combativo que caracteriza a equipa.

Carlos Carvalhal, treinador do Sp. Braga, em conferência de imprensa, depois da derrota diante do Benfica (0-3), em Leiria, em jogo da meia-final da Taça da Liga:

[Dois jogos, o mesmo adversário, resultados diferentes. Que explicações tem?]

«Às vezes é difícil explicar um jogo como este, depois do jogo de sábado, em que repetimos praticamente o mesmo onze. É o que estou aqui a fazer, que é tentar explicar o inexplicável. No último sábado elogiei a equipa porque ganhou 95 por cento das segundas bolas, mas hoje só fez duas faltas na primeira parte. Tínhamos de travar o Benfica naquela primeira barreira porque depois o Benfica é muito forte entrelinhas. O Benfica passou facilmente esta barreira e nesta zona é letal. O segundo golo logo a seguir ao primeiro foi letal para a nossa equipa. Temos de retificar aquilo que fizemos menos bem. Conseguimos reagir à derrota diante do Casa Pia e ganhámos na Luz, mas agora voltámos a quebrar. Temos de trabalhar sobre isto, a mim, como treinador, compete-me tentar perceber, encontrar razões e trabalhar para conseguirmos vencer o próximo jogo na Taça de Portugal e seguir em frente».

[Como explica este montanha-russa que tem sido o Sp. Braga esta temporada?]

«São situações que cabe ao treinador explicar, mas fica difícil. O agrupamento dos jogadores foi om mesmo, o fechar o bem o bloco, a partida para o contra-ataque foram exatamente os mesmos. O que muda é a atitude do Benfica que foi muito forte. Prefiro perder com o mérito do Benfica, mas não queria perder com mérito do Benfica aliado à nossa inoperância. Temos de reagir o mais rápido possível para corrigir o nosso trabalho».

[Se o remate de Roger desse golo logo no início da segunda parte, o Sp. Braga ia ainda a tempo de reentrar no jogo?]

«Vou responder com toda a sinceridade. A intenção ao intervalo foi essa. Tentar fazer um golo, mas ter a segurança de não sofrer, era importante jogar assim e eventualmente fazer um 3-1 para tentar entrar no jogo. Era a nossa intenção, se o golo entrasse a equipa poderia ter reabitado um pouquinho mais, mas vou ser sincero, não vi as faltas da segunda parte, não via ainda as estatísticas, oito faltas? Melhoramos significativamente de duas para oito, mas teríamos de ter feito mais faltas. Mesmo na segunda parte devíamos ter sido mais agressivos. No último jogo, no sábado, o Benfica na primeira parte tem aquele lance do Pavlidis, de resto o Matheus não teve trabalho absolutamente nenhum e hoje o Matheus teve de intervir muitas vezes, isso significa que o nosso bloco abriu, significa que não fomos agressivos. Percebo a questão, às vezes há um golo que pode mudar as coisas, mas a bola não entrou e como não entrou perdemos o jogo».

[Foi a oitava derrota do Sp. Braga esta temporada em 33 jogos, são números pesados para uma equipa como o Sp. Braga?]

«Vou responder de forma muito clara. No campeonato estamos em quatro lugar, o lugar que habitualmente nos tem pertencido, é o mínimo. Estivemos aqui na Final Four da Taça da Liga, estamos na Taça de Portugal e na competição europeia temos a ambição de seguir em frente, por isso não sei como posso responder à questão. Estamos pode dentro das coisas, estamos a lutar pelas coisas, num ano difícil para o Sp. Braga de transição acentuada dos jogadores do plantel, mas a realidade é que estamos em janeiro a decidir coisas. Estamos aqui hoje porque o Braga teve o mérito de cá chegar. Estamos em outras competições e contamos seguir em frente, é o que temos de fazer».

[O que pretendeu com as entradas de Roger e Diego e a mudança para a linha de quatro na defesa na segunda parte?]

«A estratégia, a partir do segundo golo particularmente, tornou-se difícil, reagir em função do que tínhamos planeado. O que entendemos é que devíamos pressionar um pouco mais o Benfica e a entrada do Diego foi para com três médios estarmos mais perto dos três médios do Benfica. O Florentino estava a jogar praticamente sozinho. Então passamos para quatro para jogarmos com três médios e três jogadores na frente para tentar equilibrar o jogo no meio-campo e tentar chegar mais à baliza do Benfica. Foi essa a intenção».

[Vitor Carvalho e Gorbin, juntos no meio-campo, não afetam a criatividade do Braga e a ligação com o ataque?]

«O Gorbin não tem uma propensão defensiva, de forma alguma, nunca meto o Gorbin a seis, é impossível. Ele sai da posição, vai mais à frente, tanta quebrar linhas, portanto, não posso concordar nesse aspeto. As características do Gorbin são muito diferentes das do Vitor. Jogaram os dois no último jogo na Luz e ganhámos. Estávamos a ganhar por 2-0 ao intervalo e o Gorbin teve de sair porque tinha um amarelo. Sâo dois jogadores de equilíbrio, sabem jogar e dão segurança no meio-campo».

[No próximo mês, além da liga, vai ter Taça de Portugal e Liga Europa. Como se trabalha depois da eliminação numa competição que o Sp. Braga tinha conquistado na temporada passada? Que trabalho há a fazer?]

«Tem sido o nosso trabalho, gostaria de encontrar uma explicação para a mudança comportamental do Santa Clara para o Casa Pia, agora entre o Benfica no campeonato e o Benfica para a Taça da Liga. É inexplicável não conseguir um grau de estabilidade. Tudo o que disser aqui vai soar a desculpa. Estou a assumir que equipa tem sido irregular, já mostrámos que quando a equipa quebra conseguimos ganhar jogos difíceis, como foi ganhar ao Santa Clara e no Estádio da Luz e estamos a trabalhar para regularidade seja uma realidade».

[Consegue olhar para este jogo como se fossem dois? A estrondosa vitória na Luz teve impacto nas duas equipas?]

«Faz sentido a pergunta, teve impacto no Benfica, deveria ter impacto em nós, mas não teve. O impacto que teve foi negativo porque não conseguimos fazer a manutenção comportamental em relação ao jogo de sábado, não conseguimos. Tivemos níveis de agressividade muito mais baixos. Duas faltas numa meia-final da Taça da Liga é incrível. Os jogadores do Benfica entraram no nosso bloco com muita facilidade, ganharam muitas segundas bolas de forma incrível e acabámos por ser penalizados nas duas situações.  Preferia ter perdido só com o mérito do Benfica. Houve mérito do benfica, sim, mas a nossa equipa ficou muito aquém do que é normal».

Declarações de Bruno Lage, treinador do Benfica, na conferência de imprensa posterior ao triunfo sobre o SC Braga, por 3-0, nesta quarta-feira:

«Uma boa primeira parte e uma boa segunda parte. Temos novamente uma boa entrada no jogo. Conseguimos prolongar essa boa entrada e consequência disso são os três golos que fizemos. A ideia principal era nós entrarmos e o nosso adversário sentir que estava a jogar a segunda parte do [jogo no] Estádio da Luz. E esse é o mote para a final – o Sporting sentir está a jogar a segunda parte do [jogo no] Estádio de Alvalade.»

[Acha que conseguiu tirar bom partido da derrota contra o Sp. Braga?]

«Sabe que às vezes temos de dar o peito as balas e ter consciência de defender sempre os meus jogadores. Mas nunca fujo da realidade. Se há coisa que sei fazer é preparar bem jogos. Analisar as coisas de forma concreta e dizer aos jogadores quando as coisas estão bem ou menos bem. Mas depois tenho este lado em que eu gosto de proteger os meus jogadores. Atirem as balas para mim. Para que eles estejam tranquilos, confortáveis, no mundo real, para fazerem exibições desta maneira. Aquilo que foi importante, e porque estamos sempre a aprender, foi olhar para o jogo aprender, referescar a equipa com energia e também surpreender o nosso adversário. Não ganhámos nada, estamos apenas na final e vamos disputá-la.»

[Falou em dar o peito as balas. Sente-se injustiçado pela crítica?]

«Não. Eu sei conviver muito bem com a pressão. Foi o resultado de hoje a forma como jogámos. A equipa provou mais uma vez que sabe jogar bom futebol. Temos de continuar a trabalhar para termos essa consistência, a jogar de três em três dias. É isso que procuramos.»

[Balneário conseguiu perceber recado de que, quem joga, tem de estar ao limite?]

«Eu ando sempre no limite na forma como preparo o treino e os jogos. É isso que quero dos jogadores. Entrámos em setembro e tínhamos um plano. Conseguimos. À medida que vamos trabalhando com os jogadores é importante eles saberem o que é jogar a Benfica, com uma responsabilidade tremenda. O que Andreas [Schjelderup] fez e o que o [Leandro] Barreiro costuma fazer, é estarem disponíveis para o treinador e poderem corresponder.»

[Jogo ajudou Schjelderup a ganhar mais oportunidades?]

«Claro que sim, como ajudou o Barreiro, o Zeki… É isso que eu quero. Com o tempo, conhecer melhor os jogadores e eles conhecerem melhor as minhas ideias. É importante eles perceberem o que é jogar à Benfica. A mentalidade vencedora parte de mim, da sequência que quero ganhar jogos. Aqui tem de haver uma mentalidade de campeão, de jogar à Benfica. Estamos satisfeitos mas o que queremos mais é vencer o título diante do Sporting.»

Ficha de jogo

Jogo no Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria.

Benfica – SC Braga, 3-0.

Ao intervalo: 3-0.

Marcadores

1-0, Di María, 27 minutos.

2-0, Carreras, 28.

3-0, Di María, 37.

Equipas

– Benfica: Trubin, Tomás Araújo, Otamendi, António Silva, Carreras (Beste, 81), Kökcu (Renato Sanches, 65), Florentino, Di María (João Rego, 74), Aursnes, Schjelderup (Aktürkoglu, 65) e Pavlidis (Arthur Cabral, 74).

(Suplentes: Samuel Soares, Bah, Beste, Leandro Barreiro, Renato Sanches, João Rego, Aktürkoglu, Amdouni e Arthur Cabral).

Treinador: Bruno Lage

– SC Braga: Matheus, João Ferreira, Robson Bambu, Adrián Marín, Víctor Gómez (Jónatas Noro, 73), Vítor Carvalho, Gorby (Gharbi, 73), Gabri Martínez (Diego, 46), Ricardo Horta (Roger, 46), Fran Navarro (Arrey-Mbi, 84) e Bruma.

(Suplentes: Lukas Hornicek, Jónatas Noro, Arrey-Mbi, André Horta, Diego, Gharbi, Roberto Fernández, Roger e EL Ouazzini).

Treinador: Carlos Carvalhal.

Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro).

Ação disciplinar: Cartão amarelo para João Ferreira (62) e Roger (83). Cartão vermelho direto para Jónatas Noro (78).

Assistência: 19.917 espetadores.