Docente, que está em prisão preventiva, enfrenta julgamento a partir de 1 de abril
O professor primário da Póvoa de Lanhoso, acusado de 3.734 crimes de abuso sexual de crianças, manifestou a intenção de indemnizar oito das 11 vítimas, mas afirma que só dispõe de 30 mil euros para esse efeito.
Segundo a contestação aos Pedidos de Indemnização Civil (PIC), a que a agência Lusa teve acesso, o arguido, de 50 anos, considera os valores exigidos (cerca de 60 mil euros por vítima) “manifestamente elevados”.
“O valor da indemnização deve ser fixado em consonância com as possibilidades económicas do arguido. Ele não tem qualquer possibilidade de pagar um valor superior a 30 mil euros, pois esse é todo o dinheiro de que dispõe”, lê-se na contestação.
Apesar de duas das vítimas não terem apresentado pedido de indemnização, o professor pretende também compensá-las financeiramente, admitindo os danos causados pelos seus atos.
Na proposta de distribuição do montante, o arguido sugere:
- 7.500 euros para duas menores
- 4.500 euros para outras duas
- 3.500 euros para uma vítima
- 1.000 euros para duas alunas
- 500 euros para outra menor
Crimes cometidos na sala de aula durante sete anos
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), os crimes foram cometidos na própria sala de aula, entre setembro de 2017 e maio de 2024, sobre alunas com idades entre 6 e 9 anos.
O docente chamava as vítimas para junto da sua mesa sob pretexto de explicar matéria escolar, colocava-as no colo e tocava-lhes de forma abusiva.
Durante sete anos, com exceção do período de confinamento durante a pandemia de Covid-19, os abusos ocorriam diariamente, perante os restantes alunos.
Além dos 3.734 crimes de abuso sexual de crianças agravado, o arguido responde ainda por:
- Três crimes de maus-tratos, cometidos contra três alunos, a quem batia na cabeça, puxava cabelos e orelhas e chamava “burro, palerma e estúpido”.
- Três crimes de pornografia de menores.
O professor, com 24 anos de experiência, foi detido a 7 de maio de 2024 pela Polícia Judiciária, encontrando-se desde então em prisão preventiva.
Ministério Público reforça gravidade dos crimes e pede manutenção da prisão preventiva
O Ministério Público considera que os factos revelam “elevadíssimo grau de ilicitude e censurabilidade”, reforçando o perigo de continuidade da atividade criminosa e a necessidade de preservar a ordem pública.