O Observatório Nacional do Bullying registou 666 denúncias de ‘bullying’ em escolas nos últimos cinco anos, revelando que as raparigas e as crianças do 1.º ciclo são as mais afetadas. A maioria dos casos ocorre presencialmente, especialmente nos recreios, mas 4,8% das situações denunciadas aconteceram online, enquanto 22,5% combinaram os dois contextos.
Os dados mostram que a média de idades das vítimas é 13,7 anos, sendo 59% raparigas, enquanto os agressores, maioritariamente rapazes (56%), têm em média 13,23 anos. O 1.º ciclo concentra 32,9% dos casos, seguido pelo 3.º ciclo (23,4%) e pelo 2.º ciclo (22,4%).
‘Bullying’ diário e com vários agressores
Mais de 54% das vítimas sofrem agressões quase diariamente e 21,4% enfrentam essa realidade todos os dias. Em média, cada vítima enfrenta três agressores, tornando o fenómeno coletivo e mais difícil de combater. Os principais motivos das agressões são o aspeto físico (51,9%) e os resultados académicos (34,9%), seguidos por questões relacionadas com idade, sexo, orientação sexual, identidade de género, nacionalidade e etnia.
As consequências são graves: 44% das vítimas precisaram de apoio psicológico e 20,9% de tratamento médico. Além disso, 90 denúncias indicaram que os jovens estiveram em risco de vida e cerca de 30 precisaram de hospitalização.
A investigadora Mafalda Ferreira, coordenadora do Observatório, destaca que o uso precoce de telemóveis e o impacto das redes sociais agravam o problema, permitindo que as agressões continuem para além do ambiente escolar.