Motorista TVDE julgado por tráfico agravado; Ministério Público pede perda de bens no valor de 13.770 euros.
Um homem natural de Setúbal, motorista de TVDE, que foi detido em Braga com 232 quilos de cocaína na mala do carro, alegou em tribunal que a droga pertencia a um amigo e que desconhecia o seu conteúdo. O caso está a ser julgado no Tribunal de Braga, onde o arguido enfrenta acusações de tráfico agravado de estupefacientes.
De acordo com a acusação do Ministério Público, a droga, com um grau de pureza de 76,8%, teria um valor de mercado superior a 4,5 milhões de euros, sendo suficiente para produzir 894 mil doses individuais.
Alegações de inocência e ligações ao narcotráfico internacional
No início do julgamento, Lúcio B., que é também proprietário de uma empresa unipessoal, afirmou ter-se deslocado a Braga a pedido de um amigo, supostamente para ajudá-lo a transportar pertences pessoais no contexto de uma separação familiar. Segundo o próprio, o amigo terá carregado o carro com caixas sem o seu conhecimento, fugindo do local quando se apercebeu da aproximação da GNR.
Contudo, a Polícia Judiciária (PJ) acredita que Lúcio B. operava em conjunto com quatro cidadãos brasileiros e que a droga estaria ligada a um cartel sul-americano, com operações em Portugal e Espanha. O inspetor da PJ de Braga, Nuno Miguel Mota, testemunhou que, num dos telemóveis do arguido, foi encontrada uma aplicação que monitorizava a rota de um cargueiro vindo da América do Sul, suspeitando-se que o carregamento possa ter sido desembarcado no Alentejo.
Cocaína terá sido carregada no Mercado Abastecedor de Braga
As investigações indicam que a droga foi carregada numa loja do Mercado Abastecedor da Região de Braga (MARN). O alerta foi dado no dia 7 de setembro de 2024, quando uma patrulha da GNR intercetou o Renault Clio que transportava a droga. O condutor fugiu a pé e Lúcio B. foi detido no local.
Foram encontradas nove caixas de cartão contendo 235 pacotes de cloridrato de cocaína, num peso total de 232,8 quilos. Além disso, as autoridades apreenderam dois telemóveis, 220 euros em dinheiro, e o veículo avaliado em 12.500 euros. A soma dos bens apreendidos atinge os 13.770 euros, valor cuja perda o Ministério Público pede ao tribunal.
Durante a detenção, foram ainda descobertas chapas de matrícula furtadas, levando à abertura de uma investigação paralela.
Lúcio B., atualmente em prisão preventiva, e a sua empresa Lúcio Barreto Unipessoal, Lda, são arguidos no processo, com suspeitas de que a empresa teria sido usada como fachada para encobrir o tráfico de droga, disfarçando-o sob a aparência de atividade de motorista TVDE.