O presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho), Luís Miguel Guedes, mostrou-se preocupado com a redução do número de estudantes colocados no ensino superior na 1.ª fase do concurso nacional de acesso, cujos resultados foram divulgados no domingo.

Na UMinho, apesar das vagas se terem mantido praticamente iguais, há menos 280 alunos colocados face a 2024, o que representa uma quebra de 9,5%.

Em declarações à RUM, Luís Guedes apontou como possível explicação as alterações ao modelo de acesso, nomeadamente a obrigatoriedade de realização de duas provas de ingresso, e a ponderação de 25% dos exames nacionais na média final — valor inferior ao pré-pandemia, mas superior ao período em que estes foram desconsiderados.

“Este modelo pode efetivamente ter algum impacto na quebra das candidaturas. É a primeira vez que é obrigatório ter dois exames nacionais concluídos para o acesso ao ensino superior. Pode ser que os estudantes precisassem de mais tempo de preparação”, afirmou.

O dirigente académico reconhece que fatores como alojamento e custos de permanência continuam a pesar na vida dos estudantes, mas considera que não justificam, por si só, uma redução tão acentuada de 12% nas colocações na primeira fase, sobretudo quando “nas áreas metropolitanas esta quebra não foi tão acentuada”.

Luís Guedes defende que o Ministério da Educação, Ciência e Inovação deve dar uma resposta urgente e lembra que está previsto, para setembro, o estudo de reforma da ação social, do qual se esperam medidas estruturais.

“É preocupante para um país reputado por potenciar a formação de talento ver as vagas no ensino superior aumentar e as colocações na primeira fase diminuir. Se já era difícil reter mão de obra qualificada, mais difícil será se estes números se mantiverem nas próximas fases”, alertou.

O presidente da AAUMinho recorda ainda que, segundo a Direção-Geral do Ensino Superior, há menos estudantes das classes mais desfavorecidas a frequentar o ensino superior, o que pode agravar desigualdades sociais.