Vitória por 3-0 frente ao Caldas, em Torres Vedras, com golos apenas na segunda parte
O SC Braga garantiu esta terça-feira a presença nos quartos de final da Taça de Portugal, ao vencer o Caldas, da Liga 3, por 3-0, num encontro disputado no Estádio Manuel Marques, em Torres Vedras, marcado pela polémica mudança de recinto a menos de 24 horas do apito inicial.
Protesto antes do apito inicial
A partida começou com um momento invulgar: durante o primeiro minuto, os jogadores do Caldas permaneceram imóveis junto ao meio-campo, num gesto de protesto contra a alteração do local do jogo. A iniciativa foi respeitada pelos jogadores do SC Braga e mereceu o apoio dos adeptos bracarenses, que exibiram cartazes a exigir “respeito pelos adeptos”.
A bola só começou a rolar ao segundo minuto de jogo.
Primeira parte equilibrada
Dentro das quatro linhas, o SC Braga assumiu naturalmente a iniciativa nos minutos iniciais, mas foram os caldenses a criar as primeiras situações de maior perigo. Gonçalo Barreiras esteve em destaque, obrigando Tiago Sá a duas intervenções atentas, mantendo o nulo no marcador ao intervalo.
Braga decide em nove minutos
Na segunda parte, a equipa orientada por Carlos Vicens entrou determinada em resolver a eliminatória — e fê-lo de forma rápida e eficaz.
Aos 50 minutos, Fran Navarro inaugurou o marcador na sequência de um canto batido do lado esquerdo. Três minutos depois, novamente após um pontapé de canto, Paulo Oliveira ampliou a vantagem, deixando o Caldas em grandes dificuldades.
O terceiro golo surgiu aos 59 minutos, por intermédio de Mario Dorgeles, que rematou de pé esquerdo à entrada da área, selando definitivamente o resultado.
Apuramento confirmado
Com esta vitória, os ‘arsenalistas’ confirmam o estatuto de favoritos e garantem o apuramento para os quartos de final da prova rainha do futebol português.
Na próxima eliminatória, o SC Braga vai defrontar o vencedor do encontro entre o Lusitano de Évora e o Fafe, ambas formações da Liga 3, que se enfrentam no sábado, no fecho dos oitavos de final.
Carlos Vicens, treinador do Sp. Braga, na conferência de imprensa que se seguiu à vitória sobre o Caldas (3-0), em Torres Vedras, em jogo dos oitavos de final da Taça de Portugal.
Técnico sublinha ajustamentos ao intervalo, eficácia nas bolas paradas e manifesta solidariedade com o Caldas pela mudança de estádio
Futebol | Taça de Portugal
Carlos Vicens, treinador do SC Braga, destacou a maturidade competitiva da sua equipa após a vitória por 3-0 frente ao Caldas, em Torres Vedras, em jogo a contar para os oitavos de final da Taça de Portugal, resultado que garantiu aos minhotos a passagem aos quartos de final da prova.
Ajustes fizeram a diferença
Questionado sobre as diferenças entre a primeira e a segunda parte, o técnico espanhol explicou que a equipa foi crescendo ao longo do encontro, sublinhando a necessidade de uma abordagem mental reforçada em jogos a eliminar.
“Os jogos de Taça são sempre especiais, porque sabes que não há amanhã para uma das equipas. Sabíamos que tínhamos de assentar o jogo e ter uma mentalidade extra. Fomos de menos a mais, percebendo o que a equipa precisava”, afirmou.
Vicens reconheceu dificuldades sobretudo no corredor direito, numa zona do terreno onde as condições tornavam o jogo mais exigente, o que levou a ajustes posicionais que deram frutos após o intervalo.
“Cometemos muitos erros nesse lado, o ataque era mais lento, mas fomos ajustando algumas posições. Crescemos na segunda parte, abrimos o marcador e aproveitámos bem as bolas paradas”, acrescentou.
Seriedade e carácter
O treinador bracarense elogiou ainda a postura da equipa perante as adversidades do encontro, destacando a seriedade e o rigor demonstrados.
“O mais importante é que a equipa apresentou uma versão muito competitiva, muito séria, com carácter e personalidade, e conseguiu passar à fase seguinte”, sublinhou.
Solidariedade com o Caldas
Carlos Vicens mostrou-se solidário com o Caldas pela mudança de estádio decidida a menos de 24 horas do jogo, reconhecendo a importância de os caldenses poderem atuar no seu recinto habitual.
“Preparámos tudo para jogar no Campo da Mata e soubemos da alteração no último momento. Para eles era importante jogar em casa, foi isso que o sorteio ditou, e obviamente gostaríamos de ter jogado nas Caldas”, referiu.
Importância do primeiro golo
O técnico considerou ainda decisivo o golo inaugural para desbloquear a partida.
“Num jogo de Taça, em que só passa um, o primeiro golo é sempre muito importante. Aumenta a confiança de quem marca e obriga a outra equipa a correr atrás do resultado. Ajudou-nos abrir o marcador naquele momento”, explicou.
Apesar das dificuldades enfrentadas, Carlos Vicens lembrou que o SC Braga continua em quatro competições e já projeta o próximo desafio.
“Não tem sido fácil, mas seguimos em várias frentes. Depois das festividades, vamos começar a preparar o jogo com o Benfica”, concluiu.
José Vala admite saída do Caldas após jogo polémico frente ao SC Braga
Técnico denuncia ilegalidade na mudança de estádio e fala em pessoas “destroçadas” com decisão tomada a menos de 24 horas do encontro
Após a derrota frente ao SC Braga (0-3), nos oitavos de final da Taça de Portugal, disputados no Estádio Manuel Marques, em Torres Vedras, José Vala, treinador do Caldas, abriu a porta à saída do clube que lidera há cerca de dez anos. Visivelmente abalado, o técnico criticou duramente a alteração do local do jogo e denunciou aquilo que considera ter sido uma ilegalidade no processo.
“Houve uma invasão de propriedade”
José Vala apontou diretamente à forma como foi feita a inspeção ao Campo da Mata, que acabou por ditar a mudança do encontro para Torres Vedras.
“O Diogo Clemente disse tudo. Não vou bater muito mais no ceguinho. Convido as pessoas a irem às Caldas connosco e acendo as luzes, se quiserem. Jogámos num relvado muito pior do que o do Caldas”, começou por afirmar.
O treinador sublinhou que não responsabiliza diretamente a Federação Portuguesa de Futebol, mas garantiu que existem responsáveis concretos pela decisão.
“Houve uma empresa que entrou no Campo da Mata, fez uma invasão de propriedade, uma inspeção sem autorização de ninguém do Caldas, deu um parecer negativo à Federação e alguém deferiu essa decisão. Isso é uma ilegalidade. Há nomes, há pessoas responsáveis e essas têm de dar a cara”, acusou.
Críticas à decisão e impacto humano
José Vala destacou o impacto humano e financeiro que a decisão teve no clube, lembrando o carácter amador da estrutura diretiva do Caldas.
“Houve pessoas completamente destroçadas por causa desta decisão. Pessoas que gastaram horas e dias de trabalho. Dois ou três mil euros em cachecóis, comida, tudo deitado por terra”, lamentou.
O técnico agradeceu ainda ao Torreense pela disponibilidade do estádio, apesar de considerar que as condições eram inferiores às do Campo da Mata.
“Acabámos por jogar num campo com condições muito piores. Isso é ridículo. Alguém teve algo a ganhar ou a perder com isto. São decisões que não se fazem”, criticou.
Um jogo que podia ter sido uma festa
José Vala frisou ainda que a mudança de estádio retirou ao encontro o simbolismo e o ambiente que um jogo da Taça deveria proporcionar.
“O SC Braga perdeu muito. Ia à Mata, provavelmente ganhava na mesma, mas seria um momento que ninguém esqueceria. No fim, estaríamos todos a comer uma bifana no bar, adeptos do Caldas e do Braga. Isto é que não é bonito e alguém não compreendeu”, afirmou.
Futuro em aberto após dez anos no clube
No final, o treinador admitiu que este poderá ter sido o seu último jogo ao serviço do Caldas, num momento desportivo complicado, marcado por cinco derrotas consecutivas no campeonato.
“Levo um orgulho enorme pelo que fizemos aqui. Já tinha equacionado que este seria o meu último jogo. Esta situação mexeu ainda mais comigo. Orientei-me sempre por determinados valores e começo a pensar que não faço parte disto”, confessou.
José Vala revelou ainda que já tinha comunicado essa possibilidade à sua equipa técnica e que irá agora reunir-se com a direção.
“Sei que tenho o apoio do grupo e da direção, mas vamos falar. As coisas negativas aparecem nos momentos maus e este é um momento difícil”, concluiu.
Ficha de jogo
Jogo no Estádio Manuel Marques, em Torres Vedras.
Caldas – SC Braga, 0-3.
Ao intervalo: 0-0.
Marcadores
0-1, Fran Navarro, 50 minutos.
0-2, Paulo Oliveira, 53.
0-3, Mario Dorgeles, 59.
Equipas
– Caldas: Duarte Almeida, Nuno Januário (Ricardo Alexandre, 45+2), Duarte Maneta, Zé Ricardo, Eduardo Monteiro, Diogo Clemente (Mateus Magalhães, 66), Yordy Marcelo (Matheus Palmério, 66) Pipo Ferreira, Gonçalo Barreiras (Rui Carreira, 66), Luís Farinha (Dani Fernandes, 66) e João Rodrigues.
(Suplentes: Wilson Soares, Matheus Palmério, Ricardo Alexandre, Gonçalo Chaves, Dani Fernandes, Tiago Catarino, Rui Carreira, Zé Gata e Evandro Santos).
Treinador: José Vala.
– SC Braga: Tiago Sá, Gustaf Lagerbielke (Victor Gomez, 42), Paulo Oliveira, Arrey-Mbi, Mario Dorgeles, Gabriel Moscardo, Florian Grillitsch (Da Rocha, 83), Leonardo Lelo, Rodrigo Zalazar (Gorby, 66), Ricardo Horta (Pau Victor, 66) e Fran Navarro (Gabri, 83).
(Suplentes: João Carvalho, Victor Gomez, Vítor Carvalho, João Moutinho, Pau Victor, Gorby, Da Rocha, Diego Rodrigues e Gabri Martínez).
Treinador: Carlos Vicens.
Árbitro: Sérgio Guelho (AF Guarda).
Ação disciplinar: cartão amarelo para Diogo Clemente (45+3).
Assistência: 4.209 espetadores.
































