CMB “perplexa” com possibilidade de deslocalização da PJ

Ricardo Rio já reagiu às declarações da secretária de estado. Autarca de Braga refere “falta de vontade política” e levanta hipótese de o Governo querer deslocalizar a Polícia Judiciária  para Guimarães.

Foi com surpresa e “perplexidade” que a Câmara Municipal de Braga encarou a possibilidade apontada ontem pela secretária de estado adjunta e da Justiça, de deslocalização para outro concelho do distrito as instalações da Polícia Judiciária de Braga.

As actuais instalações não oferecem “condições mínimas para trabalhar” e de há quatro anos a esta parte a autarquia vem solicitando aos dois governos uma solução para o problema. Até agora nada se concretizou, mas o autarca manifestou surpresa e indignação com as declarações da governante. “Estranho que um Governo que tem sido tão zeloso na exigência de contrapartidas para ceder instalações próprias para projectos de interesse dos municípios ande agora a fazer uma espécie de saldo das suas próprias instalações, em função das câmaras disponibilizarem ou não instalações para organismos nacionais. É isso que me parece que está aqui a ocorrer”, defendeu o autarca em declarações à RUM.

Ricardo Rio disse ainda que a secretária de estado estará, aparentemente, disponível “para fazer migrar a Polícia Judiciária de Braga para Guimarães”. O autarca desafia o Ministério da Justiça a dizer “se quer ou não dar condições dignas, quanto está disposto a investir, porque os argumentos apresentados são absolutamente falaciosos”. O autarca insiste que “há em Braga instalações do próprio estado, quer em termos de terrenos quer em termos de instalações, ou outras de privados”, e sublinha que “não é aceitável a deslocalização” ou a tentativa do estado de “obtenção de instalações a saldo para poder instalar os seus organismos”..

“É falta de vontade política ou má vontade política”

O Estado tem vários espaços disponíveis no centro da cidade de Braga e o autarca acusa a secretária de estado de estar “mal informada”. “O terreno de Lamaçães já foi desmobilizado da bolsa de terras do ministério da agricultura para criar condições para a instalação do quartel da PSP, que não avançou por razões de natureza financeira”, referiu o autarca, apontando ainda outras possibilidades como terrenos junto à Universidade do Minho, um terreno do IEFP e espaços como a Escola D. Luis de Castro com uma área envolvente muito ampla. “Há claramente uma falta de vontade política, uma má vontade política do Governo no sentido de levar a valência para outra cidade do distrito”, acrescentou Ricardo Rio.

O autarca bracarense disse à RUM que vai expressar ao Primeiro Ministro António Costa “surpresa e preocupação com esta circunstância”, até porque, defende, “o município tem acompanhado na identificação de soluções e as melhores alternativas de um investimento do Governo” para as novas instalações da Polícia Judiciária de Braga.