Ex-líder do PSD estranha “nervosismo” existente, à Esquerda e à Direita, relativamente ao acordo entre PS e PSD no que diz respeito à descentralização e aos fundos estruturais. Para o comentador, “ganham os dois protagonistas”.
Com a Esquerda a olhar de lado e alguns setores do PSD a suspeitarem da proximidade, António Costa e Rui Rio assinaram, na semana que agora termina, um acordo relativo à descentralização e aos fundos estruturais.
No habitual espaço de comentário no Jornal da Noite da SIC Notícias, Luís Marques Mendes considerou que tanto o PS como o PSD saíram beneficiados com este acordo, à semelhança do Presidente da República, que fez dos “pactos de regime” uma das bandeiras da sua candidatura.
Antes desta análise, o comentador começou por realçar a sua estranheza relativamente ao “nervosismo” existente tanto à Direita como à Esquerda. “A tranquilidade dos dois [Rio e Costa] eu percebo. O nervosismo à Direita e à Esquerda eu tenho dificuldade em perceber”, realçou, até porque, “quase toda a gente em Portugal, durante anos, andou a reclamar pactos de regime”. Agora, “finalmente [PSD e PS] entenderam-se, mal ou bem, e critica-se?”, questionou.
Relativamente aos vencedores que saem do acordo assinado entre Costa e Rio, que para Marques Mendes “em matéria de conteúdo podia ser maior”, “ganham os dois protagonistas”. Costa por passar a imagem de “moderado” e Rio por se demarcar de Passos Coelho.
“António Costa ganha porque recentra, ele que tem um acordo à Esquerda fica mais próximo do Centro e dá aquela imagem de um político moderado, que dialoga à Esquerda e à Direita” e, continua Marques Mendes, “ [o acordo] também lhe dá jeito porque, irritando um pouco os seus parceiros, ganha capacidade de manobra negocial”.
No que diz a respeito a Rui Rio, este ganha porque o acordo reforça a ideia de um “político sério e responsável”. “Também lhe dá jeito para ele se demarcar do mandato do seu antecessor, Passos Coelho, o que também consegue”, sentencia o ex-líder do PSD.
Apesar de os dois líderes políticos saírem vencedores, na análise de Marques Mendes, o comentador considera que, até às legislativas, os acordos entre os dois partidos deverão ficar por aqui, uma vez que “Rui Rio tem de mudar de página”. “A partir de agora tem de acelerar a oposição”, termina o comentador.