Em Portugal, o máximo do eclipse total da Lua será visível às 21h22 (hora de Lisboa), num céu onde também poderemos ver Marte muito brilhante, Júpiter e Saturno.

Prepare-se para o maior eclipse total da Lua do século XXI que é na próxima sexta-feira, 27 de Julho, e será visível no território português, Açores e Madeira incluídos. A Lua ficará completamente tapada durante uma hora, 42 minutos e 57 segundos – o que o tornará o maior de todo este século –, podendo ver-se em várias regiões do mundo além da Europa, como a Antárctida, África, América do Sul, Ásia, Médio Oriente e Austrália.

Um eclipse total da Lua ocorre quando “a Lua (em fase de Lua Cheia) atravessa a sombra que a Terra faz por estar em linha com o Sol”, com os três astros alinhados, começa por explicar ao PÚBLICO Ricardo Cardoso Reis, do grupo de comunicação de ciência do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço. Pode ser um eclipse total ou parcial, dependendo se a totalidade ou apenas uma parte da Lua fica oculta pela sombra projectada pela Terra.

Existem duas zonas de sombra que a Lua vai atravessando: a umbra e a penumbra. “A umbra é a zona de escuridão total” dentro do cone de sombra, onde se dá o eclipse total, acrescenta Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). “Depois, a Lua vai progredindo até que sai da zona da totalidade e começa a ficar parcialmente iluminada pela luz do Sol na penumbra (eclipse parcial)”. Contas feitas, a Lua estará toda tapada pela sombra da Terra, tanto pela penumbra como pela umbra, durante três horas e 55 minutos.

Em Portugal, a Lua irá nascer quando o eclipse total já estiver a decorrer (pelo que só será possível observar uma parte do fenómeno), sendo que em Lisboa a Lua nascerá às 20h47 e, no Porto, às 20h51. O eclipse total vai atingir o seu máximo às 21h22 (hora de Lisboa) e terminará às 22h14. Porém, o eclipse parcial será possível observar até às 00h30. Para conseguir ver o eclipse, é necessário estar num local onde seja possível ver o horizonte “sem prédios, árvores ou colinas à frente”, explica Rui Agostinho, com a Lua visível a Sudeste do nosso horizonte. Já em Ponta Delgada, nos Açores, a Lua nascerá às 20h52 (hora local) e o fenómeno termina às 23h30, de acordo com dados do OAL.

A Lua vai adquirir uma cor avermelhada, o que acontece devido à refracção da luz na atmosfera. “Se não houvesse a atmosfera do planeta Terra, quando a Lua entrasse na umbra ficaria totalmente às escuras”, explica Rui Agostinho. Mas o que acontece é que “a atmosfera funciona como uma lente de vidro que encurva a trajectória dos raios de luz solar”, que entram no cone de sombra e acabam por iluminar a superfície lunar. Tem ainda a ver com o facto de a cor verde e azul ser filtrada na nossa atmosfera, o que não ocorre com a luz vermelha.

Este eclipse total da Lua será o mais longo do século XXI devido à distância a que a Lua se encontra agora da Terra (404 mil quilómetros) e o facto de a sua órbita à volta do nosso planeta ser ligeiramente elíptica, o que faz com que demore mais tempo a percorrer o trajecto. Mas haverá “outros eclipses durante este século que vão estar muito próximos em termos de duração”, com uma diferença de apenas um minuto (por exemplo, em Junho de 2029), diz Rui Agostinho. “De modo geral, há dois eclipses da Lua por ano – o anterior foi a 31 de Janeiro de 2018 –, mas nem todos são visíveis na nossa cidade.” Além disso, “ainda faltam umas dezenas de anos” para voltarem a acontecer eclipses com uma duração aproximada do que vamos ver agora. Quanto ao próximo eclipse total da Lua visível a partir de Portugal terá lugar a 21 de Janeiro de 2019 mas, segundo Ricardo Cardoso Reis, “será bem mais pequenino, com cerca de uma hora de duração”.