Miguel, o menino que caiu do 9.º andar de um prédio no Brasil

O menino de cinco anos chegou ao 9.º andar depois de ter andado de elevador sozinho, numa altura em que estava aos cuidados da patroa da mãe.

pequeno Miguel Otávio Santana da Silva, de cinco anos, morreu na passada terça-feira, após cair do 9.º andar de um prédio no Recife. O caso está a chocar o Brasil, já que o menino, filho de uma empregada doméstica, andou de elevador sozinho, numa altura em que estava aos cuidados da patroa da mãe.

Mirtes Renata Souza, a mãe do menino, decidiu levá-lo para o trabalho porque as creches e as escolas no Brasil estão encerradas devido à pandemia do novo coronavírus. Pese embora o serviço doméstico não seja considerado essencial no contexto do surto, como revela a imprensa internacional, Mirtes continuava a trabalhar.

Durante a manhã de terça-feira, o pequeno Miguel brincou com a filha dos patrões no interior do apartamento, que fica no quinto andar de um prédio de luxo no centro do Recife. O desastre acabou por acontecer na altura em que Mirtes Renata teve de descer para levar o cão de estimação dos patrões à rua. Como detalha o G1, a empregada doméstica alega ter avisado a patroa que não levaria as crianças consigo.

Durante a investigação do caso, a polícia civil revelou que o menino quis ir ter com a mãe e a patroa, Sari Corte Real, que fazia a manicure com uma profissional, deixou que Miguel entrasse sozinho no elevador. Nas imagens divulgadas pelas autoridades – que pode ver aqui – a criança entra no elevador e a patroa da mãe clica num botão e sai.

Neste ponto, refira-se, há alguma controvérsia. Alguns meios de comunicação revelam que Sari carregou num dos botões que dava acesso e um dos pisos mais altos do prédio. Sari, por sua vez, nega que tenha chegado a carregar no botão e diz mesmo que o vai provar na justiça. O pequeno Miguel também é visto nas imagens a carregar em botões do elevador. 

O menino não sai na primeira vez em que as portas abrem, mas sai na segunda vez, no 9.ª andar. Uma vez no local, a criança foi até à área das máquinas de ar-condicionado, escalou uma grade e caiu de uma altura de 35 metros. Uma das peças da grade, que se partiu, ficou com a marca dos pés de Miguel.

Depois de passear o cão, Mirtes passou pela portaria do prédio para levantar uma encomenda e acabou por ouvir que uma pessoa tinha caído. Correu para ver o que tinha acontecido e percebeu que se tratava do filho.

Em entrevista à Globo, a mãe revelou que o menino ainda estava com vida quando chegou até ele. Um médico que reside no prédio prestou os primeiros socorros e revelou que o menino precisava de ser socorrido com urgência.  Mas o óbito de Miguel viria a ser declarado já na unidade hospitalar.

A patroa, Sari Corte Real, chegou a ser detida na noite de terça-feira por suspeita de homicídio culposo, uma figura jurídica em que se considera que o acusado não teve intenção de matar, mas que é culpado pelo facto. A mulher pagou a fiança no valor de 20 mil reais (cerca de 3.500 euros) e vai responder ao processo em liberdade.