Os trabalhadores que laboram no parque das máquinas da Bosch Car Multimédia, em Braga, estão em greve quarta e quinta-feira, em protesto contra as “más condições de trabalho” e contra a “discriminação salarial”.

Amélia Lopes, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE-Norte), disse à Lusa que a adesão no turno das oito horas foi de 97%. “Na prática, o parque das máquinas está parado”, referiu.

Segundo o sindicato, os trabalhadores têm vindo a manifestar, junto das chefias, “insatisfação pelas condições de trabalho que lhes estão a ser impostas, como a retirada de operadores das máquinas, ritmos excessivos de trabalho com posturas ergonómicas erradas e pressão psicológica”.

“Também manifestaram o seu descontentamento pela discriminação salarial entre trabalhadores”, refere uma nota distribuída no local da greve.

Uma discriminação que, acrescenta, está relacionada com pagamento das horas noturnas compreendidas entre as 20 e a 22 horas, o subsídio de turno pago a 25% e apenas 10% a outros trabalhadores, ou o complemento das horas noturnas de 50% em vez de 75%.

Aludem ainda ao prémio eventual de 24,99 euros contemplado apenas para alguns trabalhadores e a não aplicação das diuturnidades aos novos trabalhadores.

Ainda de acordo com o SITE-Norte, os trabalhadores também “não aceitam”, ainda, que o sistema de avaliação seja contabilizado para o cálculo da atualização do salário base.

“A Bosch em Portugal tem andado na ribalta das notícias. O Estado Português tem investido nesta empresa cerca de 100 milhões de euros, para investimentos que estão a ser feitos, esquecendo-se de investir na qualidade do emprego que é criado”, critica o sindicato.

Refere que todos os trabalhadores inicialmente admitidos são de empresas de trabalho temporário, “que só passarão, após um ano, para o quadro de pessoal da Bosch se, aos olhos desta, se portarem bem, mas sempre com vínculo precário, mantendo-os assim no mínimo durante três anos”.

“A Bosch tem obrigação de oferecer melhores condições de trabalho, sem discriminação”, reclama o sindicato, denunciando ritmos de trabalho “alucinantes” e desrespeito pela vida familiar dos trabalhadores, ao alterar “constantemente” os horários de trabalho.

A Lusa contactou a Bosch Car Multimédia, mas a administração escusou-se a tecer qualquer comentário.