As plataformas Google e Facebook afirmaram, esta terça-feira, em Bruxelas, que estão a tomar medidas para evitar notícias falsas (“fake news”), nomeadamente durante a campanha para as eleições europeias de maio, criando mecanismos de verificação da informação.
Falando numa conferência organizada pela Comissão Europeia sobre desinformação na Internet, em Bruxelas, o responsável da Google para políticas públicas e relações governamentais na Europa, Médio Oriente e África, Jon Steinberg, notou que esta gigante tecnológica está a “desenvolver colaborações com “fact checkers” [pessoas que verificam dados] para as eleições europeias”.
“Vamos ter uma redação virtual para que os jornalistas digam que informação é ou não verdadeira para as eleições europeias”, acrescentou.
O responsável vincou que a Google leva “muito a sério a veracidade da informação”, pelo que “costuma verificar que a informação divulgada sobre os eurodeputados é correta”.
“E os eurodeputados podem sempre contactar os nossos técnicos se identificarem algum problema”, assinalou.
Jon Steinberg classificou esta plataforma norte-americana como “um instrumento incrível que leva informação às pessoas que, de outra forma, não conseguiriam ter acesso”, defendendo que isso é “uma ferramenta poderosa para as eleições” porque “aumenta o pluralismo”.
Por seu lado, Thomas Myrup Kristensen, responsável pela representação da Facebook em Bruxelas, anunciou na ocasião que esta plataforma vai criar “um código de conduta para a Europa sobre a propaganda política”.
“Assim será possível ver quem são os anunciantes e quanto dinheiro gastaram”, explicou, falando numa aposta “na transparência”.
Sublinhando a necessidade de criar ferramentas de educação digital para os cidadãos, Thomas Myrup Kristensen notou que o Facebook quer que “todos os utilizadores sejam capazes de fazer verificação dos dados”.
“Tudo tem a ver com a literacia mediática. Precisamos de fact checkers profissionais, mas também de cidadãos críticos”, referiu.
Este representante do Facebook reconheceu que, hoje em dia, as “fake news” também já são disseminadas em forma de vídeo ou de fotografia, pelo que estes conteúdos “também devem ser verificados”.
O problema é que “a informação falsa não é ilegal, já que, se fosse ilegal, seria mais fácil de combater”.
Dados revelados por Thomas Myrup Kristense indicam que, ainda assim, “apenas 3 a 4%” das contas na rede social Facebook são falsas.
Garantindo um permanente acompanhamento destas situações, o responsável exemplificou que, recentemente, o Facebook contratou “30 mil pessoas para trabalhar só na área dos conteúdos, na verificação de dados.
“Queremos reduzir a divulgação de ‘fake news’ na rede social, nomeadamente com a introdução de conteúdos relacionados, que contribuem para a credibilidade da informação”, adiantou.
O combate à desinformação está no topo da agenda da Comissão Europeia e também da nova presidência romena do Conselho da União Europeia.
Foi, por isso, criado no final do ano passado um Plano de Ação Conjunto que contém medidas como a criação de um sistema de alerta rápido para sinalizar campanhas de desinformação em tempo real.
O plano prevê também um instrumento de autorregulação para combater a desinformação ‘online’: um código de conduta subscrito por grandes plataformas digitais, como Facebook, Google, Twitter e Mozilla, que se comprometeram a aplicá-lo.