Gangue tinha como informador um agente da PSP de Ponte de Lima, apanhado em escutas e mensagens telefónicas a contar a sua participação nos crimes e a pedir o dinheiro correspondente.

Totaliza quatro milhões o produto do furto realizado, em 23 de junho de 2018 ao banco Santander, na Avenida Central, em Braga. O gangue fez, ainda, assaltos a várias casas na região do Minho (Braga, Arcos de Valdevez, Ponte de Lima e Viana do Castelo), onde, diz o Ministério Público, terá furtado mais 700 mil euros.

São dez arguidos. Fizeram uma dezena de assaltos a residências em Braga e no Minho e ao banco Santander. Furtando dinheiro e bens que o Ministério Público avalia em 4,7 milhões de euros. De entre os lesados estão, também, o empresário Domingos Névoa, o cantor arcuense Delfim Júnior, e o médico e antigo atleta do SC Braga, Romeu Maia.

Inicialmente, o banco colaborou com os lesados, chamando-os para falar sobre o assunto, mostrando-se disponível para debater uma eventual solução. Mas, de seguida, e de acordo com um dos lesados que contactou O MINHO, “nunca mais disseram nada”.

Os clientes, quando confrontados com a hipótese de ter havido quem tivesse pequenas quantias ou um reduzido número de peças nos cofres (brincos, anéis, moedas em ouro, medalhas, etc.) respondem que, o contrário também é possível: “se alguém comprou um par de relógios de coleção, baratos, por cinco mil euros a um outro que precisava de vender, e eles valem agora 25 mil… Quem fica a perder se a fatura diz que foi por cinco mil?”, pergunta.

Negligência?

A mesma fonte sublinha que há vários casos semelhantes, entre os clientes lesados.

Entretanto, e ao que O MINHO soube, vários advogados, que solicitaram o anonimato, adiantaram que a acusação contra os assaltantes, agora deduzida pelo Ministério Público, mostra que houve “negligência grave”, dado que a porta blindada de acesso aos cofres estava aberta e o alarme ficou desligado. Os arguidos Joaquim Fernandes, Luís Miguel e Vítor Pereira apenas tiveram de rebentar, com uma máquina rebarbadeira, as grades de acesso ao local e estroncar as fechaduras dos cofres. Lá dentro, estariam 2,6 milhões de euros em numerário, e 1,4 milhões em centenas de peças de ouro e prata. Algumas, entre 20 a 25 por cento do total, foram recuperadas pela polícia e já mostradas aos lesados, mas estes, só as deverão poder reaver no final do julgamento.

Arguido tinha cofre

Foto: Imagens CMTV

A acusação refere que o principal arguido Joaquim Marques Fernandes tinha cofre no banco, e, sabedor de que entrara em obras, pediu para ir vê-lo. Conseguiu uma “ordem superior” e uma funcionária levou-o. Aí verificou que a porta blindada ficava aberta. E que o alarme não foi reativado quando saíram.

Depois de uma inspeção, na noite de 22 de junho, que durou seis horas, com entrada pelas traseiras, na noite de 23 para 24 de junho, de São João, com mais dois arguidos entrou pelo prédio anexo do Inatel, usou duas escadas para sair e preparar uma eventual fuga, cortou as grades da porta e arrombou 52 cofres. Dois estavam vazios. Até ao nascer do dia, levaram sacos e caixas plásticas com dinheiro e ouro.

Foto: DR / Arquivo

O furto foi feito tranquilamente, dado que era noite de São João com o inerente ruído do arraial. No interior do banco não havia nenhum segurança.

A dependência bancária entrara em obras. A acusação sublinha que, “nessa altura, uma equipa da Prosegur retirou os alarmes e aí colocou novos alarmes apenas na sala dos cofres dos clientes (o cofre do banco foi esvaziado), para lá da porta gradeada, para permitir as obras.”

in “O MINHO”