‘Não, não está tudo bem!’ É com este apelo que é feito o convite por um grupo intitulado ‘Movimento Zero’ e ligado às forças de segurança, para uma concentração, esta sexta-feira, às 19:00, no Hospital de Braga, onde está internado o oficial da PSP que tentou pôr termo à vida esta semana.
A causa do protesto são as recentes tentativas de suicídio nas forças se segurança.
“É lamentável o contínuo silêncio da parte de quem nos tutela, sobre o flagelo das tentativas de suicídio nas forças de segurança que, infelizmente, muitas vezes acabam em morte”, começa por dizer o Movimento no manifesto que publicou nas redes sociais.
E lançam a pergunta: “como é alguém capaz de vir a público e afirmar que está tudo bem? Não, não está tudo bem!”
Para a concentração agendada para amanhã, é pedido que se traje a respetiva t-shirt do Movimento (“quem não tiver que leve uma normal”).
Um comissário da PSP de Braga foi encontrado naquela esquadra em estado grave, na quarta-feira passada, depois de alegadamente ter dado um tiro na cabeça com a arma de serviço.
Foi transportado para o hospital – depois de, ter sido assistido por uma equipa do INEM, na qual se encontrava o seu filho de serviço – sendo o prognóstico, segundo Peixoto Rodrigues, “muito complicado”.
No mesmo dia, presidente adjunto da Federação Nacional dos Sindicatos de Polícia, Peixoto Rodrigues, disse que ia pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) para investigar os casos de suicídio registados este ano na PSP.
Em declarações à Lusa, a propósito da alegada tentativa de suicídio de um comissário da PSP de Braga, Peixoto Rodrigues acusou ainda o Estado de contribuir para a instabilidade psicológica dos profissionais de polícia e instou-o a criar “melhores condições de trabalho e de carreira”.
“Vamos pedir à PGR que investigue os suicídios e tentativas de suicídio que este ano aconteceram na polícia. Isto não pode ficar só pela rama. É preciso que o Ministério Público investigue em concreto para perceber o que está em causa e para, se for caso disso, apurar responsabilidades”, referiu.
“Este ano, e além do caso de hoje, já se suicidaram três polícias. É preciso perceber o que se está a passar e é isso que vamos pedir à PGR”, frisou o dirigente sindical.
Peixoto Rodrigues disse que “há muitos polícias que estão ao serviço com problemas complicados” do foro psicológico e psiquiátrico e criticou a falta de acompanhamento médico especializado.
“Os gabinetes de psicologia não funcionam”, indicou, defendendo que o Estado “tem obrigação de criar melhores condições” aos profissionais da segurança pública e de “respeitar” os contratos que com eles celebrou, nomeadamente no que respeita à aposentação.