Estrutura salarial sofreu mudança clara em quatro anos. Há menos 841 mil empregos com salários inferiores a 600 euros e mais 837 mil pessoas a ganhar entre 600 e 900 euros.
Desde o final de 2015, quando começou a primeira legislatura do governo PS de António Costa, até ao final de 2019 (quarto trimestre), o mercado de trabalho português criou, em termos líquidos, 348 mil empregos por conta de outrem, indicou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com um levantamento feito pelo Dinheiro Vivo, esta retoma no emprego foi liderada, de forma esmagadora, pela criação de empregos com ordenados líquidos (já sem impostos e descontos) no escalão dos 600 a 900 euros.
No período em análise, o número de empregos criados neste intervalo de rendimentos quase que duplicou e hoje são os postos de trabalho mais representativos da economia, havendo mais de 1,9 milhões de pessoas nesta situação. A economia portuguesa ganhou mais 837 mil empregos destes desde o final de 2015, altura em que havia pouco mais de um milhão.
Em contrapartida, os empregos com salários mais baixos (inferiores a 600 euros líquidos) perderam importância em igual proporção no conjunto da estrutura dos rendimentos do trabalho. No final de 2015 havia mais de 1,1 milhões de pessoas a ganhar menos de 600 euros. No quarto trimestre, este grupo contava com apenas 328 mil pessoas. É uma redução de 841 mil casos.
Esta transferência de empregos com ordenados baixos para o escalão seguinte de remunerações (superiores) reflete vários fatores que marcaram este período pós-programa de ajustamento.
Certas restrições à contratação coletiva foram levantadas com o final do programa da troika, o salário mínimo foi subindo todos os anos, a economia tornou-se um pouco mais dinâmica, sobretudo nos setores exportadores e tecnológico, o governo eliminou a sobretaxa do IRS (o que eleva o salário líquido) e começou a fazer reposições salariais na função pública.