A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) estão preocupadas com a grave situação que se vive nos lares de idosos e de deficientes de Portugal no contexto da pandemia COVID-19. Dizem que os responsáveis dos lares se sentem abandonados por parte do Governo e estão a viver uma sensação de impotência.

«Os Lares não são, pois, unidades de saúde e não têm como missão nem possuem condições, quer em termos de infraestruturas, quer em termos de recursos técnicos e humanos para darem acompanhamento na situação de doença aguda, não sendo, pois, compreensível nem aceitável que o Estado queira deixar os doentes com Covid-19 nos lares, retirando os utentes que não estão infetados», dizem.

Estas instituições lembram que um doente com infeção COVID-19 necessita de cuidados de saúde, com vigilância diária por médicos e enfermeiros. Acrescentam que no caso da infeção COVID-19 acresce o risco de disseminação interna da doença em estruturas que não têm condições físicas (espaços de isolamento), equipamentos de proteção individual (EPI) e profissionais de saúde adequadamente treinados para prevenir o contágio. E, pela enorme concentração de pessoas frágeis, também não faz qualquer sentido comparar os lares às casas das pessoas.

A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) e a União das Misericórdias Portuguesas (UMP) recordam que os lares têm feito um esforço muito grande para manter afastada a infeção por Covid-19. Acrescentam que os profissionais tem demonstrado um verdadeiro espírito de missão, muitos deles até vivem no lar. «No entanto, as auxiliares não podem prestar cuidados de saúde em doença aguda. Não é a sua competência nem a sua missão. Não são médicos, nem enfermeiras», reiteram.

Para ajudar neste esforço, estas instituições decidiram constituir um Gabinete Técnico composto por profissionais qualificados para apoio às Misericórdias e que vai ser alargado à CNIS.

«Preocupam-nos igualmente as famílias, a quem deixamos a nossa solidariedade, pois sofrem com a pandemia, com o afastamento afetivo dos seus idosos e a quem esta situação tem provocado um desnecessário aumento de ansiedade e angústia».