As empresas que atuam no mercado dos casamentos reclamam medidas urgentes que regulem a sua atividade para poder voltar a trabalhar e desesperam por uma palavra do Governo.
Em comunicado, Jorge Ferreira, da BestEvents, empresa responsável pela organização de feiras nacionais e internacionais dedicadas ao casamento, explica que “é fundamental que nos revelem o protocolo sanitário e nos transmitam em que condições o setor pode voltar a trabalhar, da mesma forma que comunicaram as orientações para as outras celebrações e para a área da hotelaria e restauração. Não há, por parte do Governo, nenhuma referência ao setor dos casamentos”.
De acordo com o responsável, “têm surgido vários artigos sobre o valor da indústria de casamentos em Portugal, valores que não correspondem à realidade atual da indústria”.
Para avaliar o verdadeiro impacto da pandemia neste sector, a BestEvents e a revista “I Love Brides” elaboraram um inquérito junto das empresas que trabalham no setor de casamentos para demonstrar o valor “real” que esta indústria representa para a economia nacional.
O estudo, que decorreu entre 30 de abril e 6 de maio, baseia-se numa amostra de 257 empresas dos diversos setores que atuam neste mercado, em que participaram ourivesarias; espaços; catering; cake designers; wedding planners; fotografia e videografia; decoração; convites e lembranças; vestuário para noiva e acessórios; vestuário para o noivo e acessórios; cabelo e make-up; ramo da noiva; animação; aluguer de viaturas; e lua-de-mel.
“O primeiro dado aponta para um número médio de 147 convidados por casamento cujo valor médio do banquete é de 96 euros por pessoa. Juntando todos os serviços contratados pela maioria dos noivos e incluindo ainda os custos associados ao processo burocrático e religioso, o valor médio gasto na organização de um casamento é de 35.289 euros”, afirma Jorge Ferreira.
Mas a indústria do casamento não fica por aqui. “Nestes valores é essencial incluir também os gastos com vestuário, cuidados de beleza e acessórios dos convidados, assim como as prendas que são oferecidas aos noivos. Assim, juntando o número médio de convidados (147) e os valores médios gastos em todos os serviços contratados, atinge-se facilmente ao valor de 89.834 euros por boda. Ou seja, um só casamento chega a movimentar 125.123 euros”, acrescenta o responsável.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2019 realizaram-se 32.595 matrimónios em Portugal. Destes, 10.037 são religiosos, 22.404 são uniões apenas com cerimónia civil, e 154 de outro tipo. “Estes dados comprovam que a indústria wedding movimenta mais de 4 mil milhões de euros por ano. Quase 2% do PIB”, sustenta Sura Mota, diretora da revista “I Love Brides”, uma das principais publicações portuguesas dedicadas ao universo bridal.
De realçar que este estudo não inclui a totalidade de serviços e produtos associados a muitos destes eventos de forma indireta, como as deslocações e alojamento de convidados, nem os “Destination Weddings” – casamentos de estrangeiros realizados em Portugal.
“Estes dados levam-nos a concluir que não podemos olhar para os casamentos como o parente pobre do setor dos eventos. Muito pelo contrário. É uma área onde operam mais de 7 mil empresas em Portugal. Geram muito emprego e tem um grande impacto na economia portuguesa. A título comparativo, os festivais de música em 2017 tiveram um impacto na economia de 100 milhões de euros, segundo uma informação divulgada pelo Ministério do Ambiente”, sustentam os autores do estudo que, em nome do setor, reclamam orientações claras para que as empresas retomem a sua atividade.
A indústria dos casamentos em Braga
A zona norte do país foi desde sempre uma referência no mundo casamento. Continua a ser a região onde se celebra o maior número de casamentos religiosos. E um fiel representante da força deste setor é a Braga Noivos. Esta feira, cuja 17.ª edição está prevista para o mês de outubro, no Altice Forum Braga, conta com mais de 150 expositores dos vários setores relacionados com o casamento.
A área de influência do evento abrange as NUTS do Cávado, Ave, Alto Minho e parte da área Metropolitana do Porto. Nestas regiões celebraram-se em 2019, segundo o INE, um total 9105 cerimónias (religiosas e civis). Tendo por base o estudo apresentado, o volume de negócios gerado ultrapassa os mil e cem milhões de euros.
Braga está enquadrada na NUTS do Cávado. E nesta região, em 2019, registaram-se 1453 casamentos, representado mais de 181 milhões de euros em volume de negócios.