A estátua do Cónego Melo foi vandalizada com pichagens a vermelho na madrugada deste domingo, no centro da cidade de Braga, numa altura em que monumentos de personalidades conotadas com racismo, colonialismo e movimentos de extrema-direita são alvo por todo o mundo.
O monumento ao alto dignitário da Arquidiocese de Braga, que se destacou a seguir ao 25 de Abril de 1974, enfrentando ativistas de forças políticas comunistas e de extrema-esquerda, durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), já tinha sido vandalizado antes com pichagens semelhantes.
Na rotunda junto ao Cemitério de Monte de Arcos, em São Vicente, leem-se as palavras “assassino”, “abril” e “Pª Max”, esta última em alusão ao caso do Padre Max (Maximino Barbosa de Sousa), candidato a deputado pela União Democrática Popular, morto num atentado à bomba em 1975. Eduardo de Melo Peixoto foi constituído arguido no processo mas não chegou a ser acusado.
Polémica à volta da estátua
A aprovação da estátua, em maio de 2013, ainda no Executivo de Mesquita Machado, foi justificada pelo então presidente da Câmara “por o Cónego Melo ter sido um bracarense dos sete costados”. Além disso, a iniciativa não custava “um só cêntimo” à Autarquia de Braga e ia de encontro “a um movimento já com mais de mil cidadãos”, disse na altura o autarca.
Mas, logo na semana em que foi inaugurada, em agosto desse ano, a estátua – contestada numa manifestação que juntou várias dezenas de pessoas, incluindo dirigentes históricos do PCP e do BE – foi logo vandalizada, também com tinta vermelha e alusões ao processo do Padre Max.
Ricardo Rio, à data ainda candidato a presidente da Câmara Municipal de Braga, evitou sempre a polémica, não se manifestando nem contra, nem a favor, assim como o próprio arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga. O atual vereador Miguel Bandeira, então candidato independente, participou também na grande manifestação de protesto contra a estátua.