Virgílio Machado, com 44 anos, é doente de risco. Por isso, quando ouviu falar de um rastreio gratuito à covid-19 na sua freguesia, em Coucieiro, Vila Verde, não pensou duas vezes: pegou na mulher e na filha e dirigiu-se, esta manhã de sábado, ao salão paroquial para se submeter ao teste rápido de antigénio.

Durante esta tarde, a ação decorreu, também, na freguesia vizinha de Ponte S.Vicente, fruto do apoio de Pedro Silva, empresário local.

Cerca de duas horas depois de abertura de portas, em Coucieiro, a fila contava cerca de 40 pessoas. Até lá, já cerca de 30 tinham sido testadas, “todas com resultados negativos”, confidenciou o técnico de análises clínicas Miguel Ramos, que assumiu o trabalho com a colega Filipa Pinto, com todos os cuidados exigidos: fatos próprios, medição de temperatura e o atendimento de um utente de cada vez.

Cá fora, poucos receios de quem aguardava a vez e um elogio comum à iniciativa. “Vai ser a primeira vez que vou fazer um teste. Eu acho que até devia ser obrigatório todas as freguesias oferecerem testes à população”, atira Aurora Silva, com 55 anos. Moradora em Coucieiro, diz viver os dias com “tranquilidade”, mas “com todos os cuidados”. E o Natal, este ano, já é exemplo disso. Em vez de reunir 13 elementos da família, como habitualmente, “só vamos ser quatro”, conta, alertando que os resultados negativos à covid-19 “não devem servir de pretexto para as pessoas voltarem a juntar-se”.

“O vírus assusta-me, porque sou doente de risco e aqui na freguesia já houve alguns casos”, sublinha Virgílio Machado, que só sai de casa para fazer compras. “As pessoas que não têm sintomas, não quer dizer que não andem com o vírus”, acrescenta, em jeito de alerta.

Arlindo Rodrigues, também já não sai de casa como gostaria e deixou de ir jantar a restaurantes, para proteger a mulher, diabética. Mas, apesar de todos os cuidados, quis ir tirar as dúvidas. “Fez um pouco de impressão a zaragatoa, mas foram 40 segundos”, descreve, com tom tranquilo.

Luís Ferreira, autarca de Coucieiro, e Bruno Macedo, de Ponte S.Vicente, prometem repetir a iniciativa para quem vai ficar de fora, este sábado. Ao todo, as duas freguesias acolhem cerca de mil habitantes. “Acredito que há pessoas que não vêm com medo do resultado”, diz Luís Ferreira.

Bruno Macedo lembra que os doentes acamados, também, são abrangidos com rastreio ao domicílio.

in “JN”