Mário Ferreira, dono da operadora a quem foi concessionado o plano de mobilidade do Tua, confessou aos autarcas da região que está cansado de tanta morosidade.
Pode estar comprometida a implementação do plano de mobilidade do Tua, a principal medida compensatória pela construção da barragem de Foz-Tua, por parte da EDP.
Isto porque o empresário Mário Ferreira, da Douro Azul, operadora a quem foi concessionado o sistema da Mobilidade do Tua, que prevê o regresso do comboio à linha ferroviária, terá manifestado aos autarcas da região que está cansado de tanta morosidade na obtenção de todos os licenciamentos por parte dos organismos públicos e não coloca de parte a possibilidade de desistir do processo.
Apesar de nenhuma das partes confirmar ou desmentir a informação, a verdade é que os cinco municípios que integram a Agência de Desenvolvimento do Vale do Tua (ADRVT) já pediram uma reunião urgente ao operador.
O Plano de Mobilidade do Vale do Tua espera, há cerca de quatro anos, para receber luz verde para ser implementado e é ilustrativo da complexidade burocrática dos processos, envolvendo, neste caso, entidades regionais e nacionais, públicas e privadas, desde a CP, Infraestruturas de Portugal (IP), Instituto da Mobilidade Terrestre, a ADRVT que integra os Municípios abrangidos (Mirandela, Carrazeda de Ansiães, Vila Flor, Alijó e Murça) e a EDP.
Há cerca de meio ano que já foram concluídas as obras de estabilização dos taludes e reabilitação da linha centenária, entre Brunheda e Mirandela, no valor de 5,6 milhões de euros, investidos pela Agência que resultaram de vistorias e avaliações feitas à linha, em 2017 e 2018, que obrigaram à realização destas obras.
A IP já realizou a inspeção a esta ultima intervenção, mas sugeriu algumas correções na obra que já foram efetuadas, aguardando-se pela inspeção final.
Perante esta morosidade, Mário Ferreira, operador a quem foi entregue a concessão da mobilidade no Tua, terá manifestado aos autarcas que está cansado.
Júlia Rodrigues, a autarca de Mirandela que preside à ADRVT, não confirma nem desmente esta versão, e espera que o acordo que existe seja cumprido. “Existe um acordo firmado, existe também a vontade e o trabalho conjunto entre as várias entidades e também o operador que tem vindo a proceder aos procedimentos legais que tem que fazer para a certificação como operador. Garantimos que mantemos essa confiança e estamos em crer que se vai manter este processo”, refere.
Ainda assim, a autarca não esconde a preocupação com toda esta morosidade. “Estamos preocupados pela burocracia e pelo envolvimento de várias entidades e, portanto, apelamos a todos os envolvidos para que isto seja uma realidade”.
A autarca confirma que foi solicitada ao operador uma reunião com caráter de urgência.
Até ao momento já foram investidos cerca de 16 milhões de euros em obras, infraestruturas e equipamento.
Plano multimodal
Em causa está a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz-Tua, que já está em funcionamento, e que deixou submersos 23 quilómetros da linha férrea centenária do Tua e suspendeu a circulação nos restantes 36 quilómetros onde o comboio devia regressar.
O sistema de mobilidade prevê um trajeto composto pelos percursos que estabelecem a ligação entre a Estação Ferroviária do Tua e Mirandela, combinando o troço rodoviário entre o Tua e a Barragem, num percurso de cerca de 4 kms, efetuado em autocarro.
Há depois o troço fluvial de 19 Kms, entre o cais da Barragem e o cais de Brunheda, onde já está atracado, há mais de 2 anos, o barco rabelo. Finalmente, o troço ferroviário de 36 Kms, entre Brunheda e a estação de Mirandela, onde já está, desde agosto de 2017, o comboio adquirido pelo operador.
In “JN”