A deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa defendeu hoje que deve haver discussão nos órgãos próprios sobre a situação do partido, declarando apoiar Mesquita Nunes se o ex-vice-presidente avançar com uma candidatura à liderança.
A deputada considerou que o partido está a atravessar “um momento de crise”, evidenciando uma “incapacidade de criar atração no discurso”, uma situação que se agravou, disse, com as demissões anunciadas hoje de três membros da direção – o vice-presidente Filipe Lobo d’Ávila, e os vogais da comissão executiva Raul Almeida e Isabel Menéres Campos, os três do grupo Juntos pelo Futuro.
Para a parlamentar, o facto de “uma parte relevante da direção ter saído” contribuiu para agravar a situação.
Em declarações à Lusa, a deputada defendeu também que “é bom haver protagonistas que querem discutir” o futuro do CDS-PP, e que se “levantam a pedir que se abra essa discussão nos órgãos próprios do partido, para o partido dizer se quer que se crie um novo ciclo”.
“Se esse novo ciclo passar pelo Adolfo Mesquita Nunes, não terei dúvidas em acompanhá-lo”, afirmou Ana Rita Bessa.
Na quarta-feira, num artigo de opinião publicado no jornal ‘online’ Observador, o antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes propôs a realização de um Conselho Nacional para convocar eleições antecipadas para a liderança, defendendo que esta direção “não conseguirá” resolver “a crise de sobrevivência” do partido, mas não adiantou se será candidato a suceder a Francisco Rodrigues dos Santos, eleito há precisamente um ano.
Em resposta, o presidente do CDS-PP defendeu que “mal seria” se “navegasse ao sabor de um artigo de opinião”, e lamentou “o dano” que esta discussão provoca ao partido, mas referiu que o assunto seria discutido nos órgãos do partido.
Alguns dirigentes próximos de Adolfo Mesquita Nunes, ex-secretário de Estado e ex-vice-presidente na liderança de Assunção Cristas, disseram à Lusa que aguardam pela reunião da comissão política nacional de hoje para perceberem se a direção tomará a iniciativa de convocar um Conselho Nacional que possibilite a marcação de um congresso antecipado, ou se irão avançar com uma proposta nesse sentido.
Ainda assim, não veem dificuldade em conseguir recolher as cerca de 40 assinaturas necessárias, o equivalente a um quinto dos conselheiros, e referem que “do lado das pessoas que querem o congresso” já decorrem contactos “pelo país”.
De acordo com os estatutos do partido, o Conselho Nacional do CDS-PP pode reunir-se extraordinariamente “sempre que o seu presidente o convocar, por sua iniciativa ou a requerimento de um quinto dos seus membros, da comissão política nacional ou da comissão executiva”.