Desde 1991 que a taxa de mortalidade materna não era tão elevada

A taxa de mortalidade materna mantém-se em níveis elevados e desde 1991 que não era tão elevada como as registadas em 2018 e 2019.

Em 2019, morreram 12 mulheres por complicações na gravidez, parto ou puerpério (até 42 dias após o parto), apenas menos três óbitos em relação a 2018, anos que corresponderam às piores taxas de mortalidade materna desde a década de 90, segundo noticia o Jornal de Notícias.

Em apenas dois anos, foram registados 27 óbitos, com 2018 e 2019 a responderem pelas piores taxas de mortalidade materna – 17,2 e 12,7 óbitos por 100 mil nascimentos, respetivamente – desde 1990, o que obrigou as autoridades de saúde a criarem uma task force para avaliar a situação.

De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2019, dois terços dos óbitos foram de mulheres na faixa etária dos 25-34, seguindo-se três no grupo 35-45 e uma morte entre os 15-24 anos.

Em 2018, 60% dos óbitos foram registados em mulheres entre os 25 e os 34 anos e 40% foram em mulheres com idade entre os 35 e os 44 anos. Nos dois anos em questão, metade dos óbitos ocorreram na Área Metropolitana de Lisboa.

Desde o início da década de 90 que não eram registadas tantas mortes, altura em que o máximo tinha sido registado em 1991, quando morreram 14 mulheres. No entanto, o número de nascimentos nesse ano foi de mais de 116 mil e em 2019 foram menos de 87 mil.

Segundo João Bernardes, professor Catedrático de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, este é “um assunto da maior gravidade, que, logo que controladas as questões da pandemia covid-19, deverá voltar para a primeira linha das nossas preocupações”.

“As razões habitualmente apontadas para o aumento da taxa de mortalidade materna são semelhantes às apontadas para o aumento da taxa de cesarianas – gravidez tardia, com aumento de patologia associada, gravidez gemelar -, além das cesarianas em si mesmas”, explica.

Porém, de acordo com uma análise feita pela Direção-Geral da Saúde às mortes ocorridas em 2017 e 2018, concluiu-se que “o parto no domicílio ou fora do hospital foi responsável por cinco das 26 mortes maternas ocorridas”.

Trata-se de uma “tendência que se repete ao longo dos anos e que corresponde a uma mortalidade cerca de 25 vezes superior à do parto hospitalar”, acrescenta João Bernardes.