Uma app de rastreio de contactos mandou mais de 600 mil britânicos isolarem-se no espaço de uma semana. Os autoisolamentos estão a provocar uma vaga de faltas ao trabalho que preocupam os patrões.

A aplicação NHS Covid-19 – o sistema britânico que rastreia contactos de infetados, equivalente ao português StayAway Covid – emitiu alertas para auto-isolamento a mais de 600 mil utilizadores em Inglaterra e no País de Gales, na semana entre 8 e 15 de julho. O envio de 618.903 notificações reflete um aumento de 17% em relação à semana anterior. E mesmo que os cidadãos alertados estejam totalmente vacinados (sete em 10 adultos já estão), todos devem cumprir isolamento se a app os sinalizar.

A situação – que já se tornou conhecida como “pingdemic” (por causa do som ‘ping’, associado ao envio do alerta) – está a motivar reclamações de empresas, tendo em conta que os isolamentos estão a provocar graves faltas de pessoal e a afetar os serviços de vários setores – retalho alimentar, postos de combustível, transportes de mercadorias, forças de segurança.

Com os constrangimentos causados, os supermercados já estão a sentir pressão para manterem as prateleiras com produtos. A cadeia britânica Iceland anunciou que vai recrutar duas mil pessoas para cobrir as ausências e que vai funcionar menos horas por dia, enquanto a Tesco disse ter ficado sem água engarrafada para vender e a Co-op informou estar a sofrer um “impacto significativo” na “grande maioria” dos estabelecimentos. Segundo o “Daily Telegraph”, a própria Polícia britânica está a sofrer com a falta de agentes por todo o país.

Na sequência das limitações, o Governo já anunciou que os trabalhadores de determinadas indústrias, ou os que estejam na primeira linha de combate à pandemia, ficam isentos de cumprir o isolamento durante 10 dias se forem sinalizados pela app, mas a medida ainda tem de ser formalizada.

Apesar de estar a vacinar a um ritmo elevado, o Reino Unido ainda tem 12% dos adultos e quase todas as crianças por inocular. Na semana passada, mais de um milhão de crianças não foram à escola devido a razões relacionadas com a covid-19.

App portuguesa em declínio

Segundo noticiou o “Expresso” na semana passada, desde 1 de maio que a app portuguesa StayAway Covid não recebe qualquer código de pessoas diagnosticadas com o vírus. A informação foi avançada pelo INESC TEC, instituto sediado no Porto que gere a aplicação de telemóvel desenvolvida para lançar alertas a pessoas que também usam a StayAway Covid e que estiveram próximo de alguém infetado.

De acordo com a mesma notícia, embora os códigos não tenham sido inseridos pelos utentes, continuaram a ser gerados pelos profissionais de saúde quando estes diagnosticam infeções. Segundo os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), entre 1 de maio e a quinta-feira da semana passada, foram gerados 420 códigos. Ou seja, embora represente uma pequena parte das 52 mil infeções ativas (valor de hoje), o número permite concluir que os utentes que receberam códigos optaram por não os inserir na aplicação.