Depois de ter sido afastado das listas à Câmara de Braga.
Francisco Mota, ex-líder da Juventude Popular (JP) de Braga e da JP Nacional, revelou hoje que está de fora da política ativa, depois de não ter sido escolhido pelos órgãos locais do CDS como um dos nomes elegíveis para o cargo de vereador na coligação Juntos Por Braga.
Francisco Mota tornou pubico a sua decisão nas redes sociais, onde surgiram vários post’s de apoio ao centrista
Na última semana tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida interrompendo 14 anos de política activa em nome do meu partido de sempre, o CDS. Um partido que celebra hoje 47 anos de serviço a Portugal e ao seu povo. Um partido de valores. Esta não foi uma decisão contra ninguém, mas um acto de liberdade e de coerência perante os valores e convicções que sempre nortearam a minha forma de estar na política. Por mais que discordasse, tantas foram as vezes, sempre cumpri sob os valores da lealdade, frontalidade, solidariedade e verdade.
Quando nos propusemos à mudança necessária no partido, sabíamos que era necessário fazer voltar acreditar, mas isso não bastaria. Era preciso agir para conquistar a confiança de quem estava dentro, mas sobretudo de quem estava lá fora: o povo Português. Nunca pedi absolutamente nada, apenas confiança. Estive desde a primeira hora com esse projecto. Motivei, incentivei e lutei lado a lado por aquilo em que acreditávamos.
Fui um soldado das trincheiras e comigo arrastei um batalhão de homens e mulheres, que sem pestanejar ladearam rumo à vitória. Mesmo sob fogo cerrado das ameaças, nunca duvidamos, porque o mais importante nunca foi ganhar, mas antes lutar por aquilo em que acreditávamos. Em nome dessa convicção fui exonerado do município de Braga, mas nem isso nos fez desmobilizar, porque a força com que nos combatíamos, não havia espaço para a dúvida ou taticismo de lugares. Não nos arrependemos de absolutamente nada, voltaríamos a fazer exatamente o mesmo e abdicar de tudo. Foram meses desesperantes numa novela que não desejo a ninguém.
Fiquei arrepiado quando vi um presidente de camara do PSD a ditar quem seria ou não candidato do CDS. Esta atitude foi um ataque claro à autonomia e independência do CDS. Enquanto dirigente nacional do meu partido não posso admitir que um presidente de câmara do PSD faça uma desconsideração destas ao nosso partido. O que estava em causa não era se seria ou não candidato, porque ainda nem sequer se sabia os nomes indicados pelo CDS. O CDS é muito maior que qualquer nome, dirigente ou projecto pessoal. O CDS não está em saldos, nem muito menos é uma filial do PSD. Uma coligação, não é uma fusão, prossupõem um respeito pelas diferenças, capacidade de diálogo acima dos interesses dos partidos políticos, mas nunca esquecendo quem somos, de onde vimos e para onde queremos ir. Nunca o CDS se meteu nas escolhas do PSD, nem vice-versa. Exemplo disso é que fui candidato a vereador por duas vezes e nunca tive aprovação ou a reprovação dos parceiros de coligação ou do Ricardo Rio. Não tive, porque não tinha que ter. O silencio foi arrebatador e disse muito de que CDS estamos a projectar no futuro.
Se é verdade que nem sempre temos que ganhar, prestar vassalagem ao PSD é sinal de desespero e de que se fará de tudo para manter o poder pelo poder. Chegados até aqui, caberia à comissão executiva decidir sobre os candidatos a indicar para Braga, fazendo cumprir o regulamento autárquico aprovado em Conselho Nacional, sob a égide de uma estratégia de futuro. Mas sob o olhar míope centralista, prefeririam dar a mão ao poder, não indicaram o meu nome com o argumento do fim da coligação e sobe ameaça do presidente concelhio do CDS, passar para o PSD. Tudo foi desvirtuado e os princípios políticos jogados na roleta dos interesses instalados. O CDS até pode estar em coligação, mas não há CDS nessa coligação, há apenas imposições do PSD, que asseguram alguns lugares de quem usa o CDS.
É nestes momentos que se vê a coragem dos líderes. O corajoso não é aquele que não tem medo das consequências, mas sim o que mesmo com medo faz o que tem que ser feito. Um líder saberia o que fazer, mas não houve a coragem de fazer valer os interesses do CDS e do projecto político que nos comprometemos a liderar. Ofereceram-me o lugar na Assembleia Municipal e após as autárquicas seria nomeado para um qualquer cargo. A nossa prioridade nunca foram os lugares, mas o lugar de onde vínhamos: Braga. As nossas convicções não são hipotecáveis e os valores em que acreditamos não tem preço. Adelino Amaro da Costa dizia “as autarquias estão para os partidos democratas-cristãos como os sindicatos estão para os partidos comunistas”. A reafirmação do nosso partido passa por alavancar os nossos valores, as nossas gentes e os nossos programas a partir do poder local, sem nunca hipotecar a nossa matriz. É na proximidade, em cada cidade, aldeia, lugar ou rua de Portugal que temos a obrigação de demostrar a utilidade de um partido como o CDS.
É na afirmação da democracia crista que vamos reerguer não só o partido, mas mais importante que isso, devolver a esperança nas nossas comunidades de uma sociedade sob pilares como a liberdade, subsidiariedade, solidariedade e a justiça. Mas também estamos cientes do polvo de poderes e teias de promiscuidade que existem no poder local e que tem levado à sobrevivência do socialismo, e à afirmação do PS, do PSD e do PCP nas autarquias locais. Tal como no estado central as autarquias são verdadeiros corredores de corrupção, influências e mercados de negócios de dependência. Quantos são os episódios que todos conhecemos, de norte a sul do País, incluindo ilhas de processos pouco transparentes em que se criam dificuldades para vender facilidades.
O CDS é diferente, inevitavelmente diferente, porque para nós as pessoas são o centro da acção política, num respeito geracional, num compromisso com o futuro e respeitador da liberdade individual e impulsionador da iniciativa privada. Por isso, nos acordos de coligação, o CDS tem que ter uma marca bem vincada dos seus valores. O CDS não negoceia poder pelo poder, porque o poder não é dos partidos políticos, deste ou daquele autarca. O poder é do povo e o exercício do poder é apenas um meio de exercer a missão que nos é confiada. Mais do que coligações, o que está em causa é a nossa missão enquanto instrumentos ao serviço das nossas comunidades. De colocar o poder ao serviço das pessoas, instituições, colectividades, organizações e freguesias.
Reforcei esta ideia em Conselho Nacional, caso alguma vez o partido se sentisse condicionado nas suas escolhas, que tinha toda a minha disponibilidade para servir a minha terra pelo nosso partido, não pelos lugares, mas sim pelo que acreditamos ser melhor para Braga. Não aceito OPAS ao CDS e nunca nos vergaremos aquilo que os outros querem que nos sejamos. Se por um lado nos orgulhamos do nosso passado, com toda a responsabilidade que isso acarreta, temos a consciência de que não vivemos dele e todos os dias escrevemos mais uma página na história da cidade e do País. Nunca esta gente se foi de se acomodar às glórias, mas sim fazer delas pontos de partida para novas conquistas.Todos nós temos uma paixão a nossa é Braga , esta gente, como bem sabem devo-lhes gratidão, até porque a gratidão é o único tesouro dos humildes. Unimos e reunimos a vontade de construir a mudança.
Fomos apenas instrumentos consagrados nos valores humanistas em que desafiamos todos os dias a vontade de fazer diferente. Dizemos o que pensamos, mesmo que nos peçam para pensar no que vamos dizer. Derrubamos o politicamente correcto pela nossa liberdade, para que essa, seja tão corajosa como a circunstância com que somos confrontados. É a hora de assumir com humildade a derrota e enquanto institucionalista respeitar a opção da comissão executiva e do Presidente do Partido. Por mais que saiam dela sem condições para continuar a liderar o CDS, desde o momento que optaram por ser escravos de outro partido.
O tempo ditou o fim do sonho, tenho a certeza que fiz de tudo para um mundo diferente, para um mundo melhor! Penitencio-me por todos os que levei a voltar acreditar e não fui capaz de derrubar a desilusão que desceu sobre os nossos ombros. Lutei até onde podia, contra os bacocos centralistas e o provincianismo que nos querem rotular. Esses parolos ainda não aprenderam é que o problema não está na pronúncia, mas na convicção!
É com tristeza que comuniquei ao Presidente do Partido, que não consigo ser cúmplice do desaparecimento dos valores do CDS para dar lugar ao CDS dos interesses, e assim demiti-me de todas as funções de dirigente do nosso partido, mas… não me demito do CDS de Adelino Amaro da Costa.
Devemos ser autênticos e a defender o que acreditamos até às últimas consequências. Mais importante do que como entramos é a dimensão de como saímos: com elevação. Andarei por aí.