O vice-almirante Gouveia e Melo indicou que 84,3% da população portuguesa já está totalmente vacinada e que o país está perto de atingir os 85%, confirmando o fim da missão no contexto da pandemia de covid-19.
A ‘task force’ anunciou hoje que vai começar a telefonar “pessoa a pessoa” das 80 mil elegíveis para receber a segunda dose da vacina contra a covid-19, por forma a perceber o motivo pelo qual não estão a comparecer e a responder aos apelos.
“Estamos com 86,5% das primeiras doses e já passamos os 84% de segundas doses, a caminho dos 85% – apesar de, nesta fase final, parecer que as pessoas se esqueceram de que têm de tomar a segunda dose”, disse o vice-almirante Gouveia e Melo.
Os dados foram apresentados ao primeiro-ministro, António Costa, e ministra da Saúde, Marta Temido, durante uma visita à sede em Oeiras no Comando Conjunto das Operações Militares.
Na realidade, adiantou o coordenador da ‘task force’, no máximo da população elegível, falta vacinar mais 345 mil pessoas, dos quais cerca de 140 mil ainda não são elegíveis porque recuperaram.
Contudo, observou Gouveia e Melo, “há 80 mil pessoas que já recuperaram”, acrescentando: “E nós ainda não as conseguimos trazer ao processo de vacinação apesar dos apelos que fazemos”.
“Agora vamos começar a telefonar pessoa a pessoa para tentar perceber porque as pessoas não aparecem e é isto que está a fazer com que hoje em dia não estejamos a atingir os 85%, porque já tínhamos a possibilidade de o ter feito antes”, sublinhou.
No que diz respeito à vacinação das faixas etárias mais jovens, informou que, no total, foram inoculados 500 mil jovens.
O vice-almirante informou ainda que, atualmente, há dois milhões de vacinas contra a covid-19 armazenadas, por forma a assegurar a vacinação de terceiras doses a quem necessitar.
“Temos em ‘stock’ cerca de dois milhões de vacinas [contra a covid-19]. Não haverá qualquer problema para a terceira dose, seja ele qual for o âmbito”.
Gouveia e Melo confirmou, assim, o fim da missão no contexto da pandemia de covid-19 e a transição para um núcleo de coordenação de três equipas, que coordenará a vacinação e que vai trabalhar diretamente com o Ministério da Saúde, para orientar e assegurar o processo de vacinação contra a gripe e as doses em falta contra a covid-19.
“Acho que entrego a minha missão. Está terminada e agora fica o núcleo a fazer a transição”.
“O processo correu muito bem para a covid e estamos a tentar replicar para a gripe”, resumiu, esclarecendo que Portugal já tem 480 mil vacinas da gripe em território nacional, num processo de vacinação que “já começou ontem” nos lares de idosos.
O “desafio é conjugar duas agendas: a vacinação da gripe e a eventual terceira dose da vacinação covid-19”, referiu, sublinhando que o processo “vai depender muito” dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), onde são concentrados os agendamentos das vacinas.
No entanto, o vice-almirante, até aqui responsável pela ‘task force’, fez questão de explicar que a eventual sobreposição da vacinação da gripe com a administração de uma eventual terceira dose contra a covid-19 não será um problema a nível logístico, devido à disponibilidade de vacinas e à continuidade dos atuais centros de vacinação para esta transição.
O primeiro-ministro também falou na reunião na sede da ‘task force’.
“Desde o dia 11 de janeiro que temos semanalmente este briefing, foi feito sempre à distância. Este, que era último, devia ser presencial. Acho que este é um momento muito importante. O país, em primeiro lugar, deve orgulhar-se da adesão cívica dos portugueses ao processo de vacinação. Porque, sem desmerecer quem quer que seja pelo trabalho, sem a adesão dos portugueses teria sido impossível alcançar estes resultados”, declarou o primeiro-ministro, fazendo ainda referência à vacinação mundial e ao plano nacional de vacinação implementado em Portugal.
António Costa salientou que “sem todo este trabalho de organização, comando e controlo, também teria sido possível”.
“Tivemos aqui uma das provas mais concretas da vantagem da União Europeia. Se a UE não tivesse tido a iniciativa de uma compra centralizada de vacina, teria havido uma disputa”, afirmou, relembrando as disputas iniciais pelas primeiras doses.
O primeiro-ministro destacou ainda a importância de se “ter seguido meticulosamente o plano de vacinação”, iniciado com os trabalhadores na área da saúde e os mais susceptíveis à infeção pelo SARS-CoV-2.
António Costa destacou ainda a importância da vacinação no combate à pandemia e na quebra da incidência, salientando que “os últimos metros da escalada do pico são sempre os mais difíceis e que romper a distância entre os 84% e 85% é a fase mais decisiva”.
Costa referiu ainda que se continua a aguardar a decisão da Agência Europeia do Medicamento (EMA) sobre as terceiras doses, mas que, atualmente, “o país tem toda a margem de liberdade para tomar a decisão que tecnicamente seja aconselhada”, desde um reforço à população mais vulnerável ou um reforço à população geral.
O primeiro-ministro destacou ainda a contribuição de Portugal na vacinação global da população através de mecanismos como Covax.
António Costa agradeceu ainda pessoalmente ao vice-almirante Henrique Gouveia e Melo e destacou o “contributo fundamental” de todas as Forças Armadas no processo de vacinação, bem como esforço nacional neste processo – desde os organismos ao Ministério da Saúde, autarquias locais e profissionais de saúde.
Despedindo-se de Henrique Gouveia e Melo, o primeiro-ministro desejou-lhe “as maiores felicidades” e “que agora tenha águas mais safas e ventos de melhor feição”.
Henrique Gouveia e Melo assumiu o comando da ‘task force’ no dia 3 de fevereiro, na sequência da demissão do anterior coordenador Francisco Ramos, que esteve pouco mais de dois meses à frente da equipa.