Navio embateu numa rocha e afundou ao largo da Isola del Giglio. Mais de 30 pessoas morreram na tragédia que abalou Itália.

A 13 de janeiro de 2012, o cruzeiro italiano Costa Concordia seguia com cerca de 3200 passageiros e mil funcionários, quando o capitão Francesco Schettino fez uma aproximação ao porto de Giglio para saudar a população. A manobra fez com que o navio embatesse numa rocha debaixo de água e abriu-se uma fenda de 70 metros de comprimento na embarcação.

O naufrágio causou 32 mortes – 27 passageiros, cinco membros da tripulação e um elemento da equipa de socorro – e 64 feridos.

O enorme navio de cruzeiro de luxo, que transportava quase o dobro das pessoas que seguiam no Titanic no momento do naufrágio em 1912, encalhou nas águas geladas de uma noite de janeiro na região da Toscana e as falhas no socorro ditaram um desfecho trágico.

O capitão Francesco Schettino demorou a ativar o alarme e foi um dos primeiros a deixar a embarçação. As pessoas entraram em pânico quando a energia foi cortada, mergulhando o barco na escuridão.

A operação de evacuação começou mais de uma hora após a colisão, numa altura em que devido ao afundamento os botes salva-vidas de um dos lados do navio estavam inutilizados. Muitas pessoas ficaram presas.

O naufrágio aconteceu quando muitas pessoas a bordo do navio jantavam. Imagens divulgadas posteriormente pela Guarda Costeira, mostram mergulhadores à procura de vítimas no restaurante inundado.

“FOMOS SALVOS PELO COZINHEIRO”

O jornal L’Express recolheu depoimentos de alguns dos sobreviventes.

Umberto Trotti e a mulher Fjorda, escolheu este cruzeiro para celebrar a lua de mel com a filha Francesca, de dois anos, e o bebé Carlo, de seis meses.

“Era para ser o melhor momento das nossas vidas”, relata. “Aqueles que não estavam a bordo nunca vão entender. Eu estava em choque”.

Trotti estava com a família estava a jantar quando o navio encalhou conta como tudo aconteceu.

“Fomos salvos pelo cozinheiro. Paolo Maspero, que ainda usava o chapéu de chef, pegou no meu filho de seis meses nos braços e (…) levou-nos para fora do navio. A água estava a subir. Se ele não tivesse vindo em nosso socorro, estaríamos mortos”, disse o Trotti, que não sabia nadar.

FRANCESCO SCHETTINO CONDENADO A 16 ANOS DE PRISÃO

Durante as investigações, a polícia encontrou o registo de um telefonema do ex-capitão com a Guarda Costeira. Na ligação, Gregorio de Falco, representante da Guarda, ordenava a Francesco Schettino que voltasse ao navio e ajudasse no resgate das mais de 4200 pessoas presas na embarcação. Ordem ignorada por Schettino.

Esta conversa foi amplamente divulgada: “Ouça, Schettino, talvez você se tenha salvo do mar, mas eu vou fazer com que fique muito mal. Farei com que pague por isto. Vá para bordo!”, gritou Gregorio de Falco para Schettino. “Vada a bordo, cazzo!”, ordenou De Falco, numa expressão que na altura se popularizou em Itália.

A palavra italiana usada por Gregorio De Falco – “cazzo” – é uma gíria para o órgão sexual masculino, mas é usada corriqueiramente em Itália para enfatizar alguma coisa. O episódio gerou muita repercussão na época e resultou até num movimento virtual com a frase dita por De Falco. A expressão chegou a ser estampada em t-shirts vendidas na internet.

O ex-capitão foi condenado em 2015 a 16 anos de prisão. Foi considerado responsável pelo acidente que deu origem ao naufrágio e a mais de 30 mortes, bem como à total inutilização do navio. Foi também incriminado pelo abandono do navio antes de todos os passageiros e tripulantes serem retirados.

Francesco Schettino recorreu ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos e os advogados devem pedir este ano que cumpra o tempo restante da sentença em casa, por bom comportamento.

IN “SIC NOTICIAS”