Maioria absoluta. Chegou a ser “palavra proibida”, mas António Costa pediu-a durante os debates. O discurso mudou à medida que a campanha avançava e as sondagens contrariavam essa possibilidade, dando conta de uma luta renhida ao centro. Este domingo, porém, os eleitores deram a António Costa (e ao partido socialista) a tão desejada “metade mais um”. A confirmação surgiu no discurso de vitória e foi depois reiterada pelo MAI.
“Manifestamente as pessoas não queriam, não querem, não desejam uma maioria absoluta”. Estas palavras são de António Costa e foram ditas esta sexta-feira, o último dia da campanha.
Maioria absoluta? “Esse é um cenário extremo, que não é previsível”. Estas também são palavras do secretário-geral do Partido Socialista, e foram ditas já este domingo, assim que as primeiras projeções foram conhecidas.
PS terá “entre 117 e 118 deputados”. Quem o disse? Também Costa, mas desta vez no discurso de vitória. “Uma maioria absoluta não é o poder absoluto, não é governar sozinho”, assumiu ainda assim.”Uma maioria absoluta não é o poder absoluto”. António Costa promete diálogo na governaçãoVer artigo
A confirmação viria minutos depois, com 41,6% e 117 deputados, segundo os resultados provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PS consegue a maioria absoluta no Parlamento.
António Costa formará governo pela terceira vez e garante que “esta maioria será de diálogo com todas as forças políticas que na Assembleia da República representam os portugueses na sua pluralidade”. Todas exceto com o Chega.
Desde 1976, em 22 governos constitucionais, apenas cinco conseguiram obter a maioria absoluta em eleições, quatro dos quais liderados pelo PSD.
Pela segunda vez na história do partido, os PS conseguiu o objetivo da maioria de deputados eleitos na Assembleia da República.
A primeira vez foi em 2005, com José Sócrates, quando os socialistas elegeram 121 deputados, e o tema chegou a ‘assombrar’ a campanha. Dezassete anos depois, história repete-se.
Os socialistas subiram em número de votos (379.972) e de deputados (mais nove) relativamente a 2019, e quando ainda faltam apurar os resultados dos círculos da emigração.
O PSD surge em segundo lugar nestas legislativas, com 27,8%, 1.498.605 votos (mais 77.961) e 71 deputados (menos seis). Em coligação, nos Açores e na Madeira, o PSD e CDS-PP tem mais cinco deputados.
O Chega, que elegeu um deputado e obteve 1,3% em 2019, passou a terceira força política, com uma representação de 12 parlamentares e 385.543 votos (7,1%).
Outro partido que subiu foi a Iniciativa Liberal (IL), que também passou de um deputado com 1,29% em 2019 para 4,98% (268.414 votos) e oito deputados.
À direita, o CDS-PP, com apenas 1,6% dos votos, perdeu pela primeira a sua representação no parlamento desde 1975.
À esquerda, o Bloco de Esquerda desceu de 19 para 14 deputados, com 4,46%, e a CDU, coligação de PCP e Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), perdeu metade dos seus deputados, que eram 12 e agora são seis, tendo o PEV deixado de ter representação no parlamento.
O Livre conseguiu eleger um deputado, Rui Tavares.
Já no final da noite eleitoral, o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que há dois anos elegeu quatro deputados com 3,2%, ficou reduzido a um eleito.