Golo do suplente Nélson da Luz, assegurou hoje o triunfo do Vitória SC, reduzido a 10 jogadores, sobre o SC Braga, por 2-1, em partida da 21.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol.

Apesar de ter ficado em inferioridade numérica, já depois dos golos de Óscar Estupiñán, para os vimaranenses, ao minuto 18, e de Vítor Oliveira, para os bracarenses, aos 48, a equipa treinada por Pepa dividiu o jogo na última meia hora e viu-se premiada pela organização demonstrada ao longo de todo o desafio, encerrando um ciclo de cinco anos sem vencer ao rival e de quase sete anos sem triunfos sobre os arsenalistas no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.

Após minutos iniciais de ‘batalhas’ intensas a meio-campo por cada bola dividida, o vitoriano Tiago Silva protagonizou o primeiro remate perigoso do desafio, para defesa vistosa de Matheus, aos nove minutos, e ‘impulsionou’ a sua equipa para um ligeiro ascendente que viria a culminar no golo inaugural.

Concentrada na hora de defender, com as três linhas de jogadores compactas, a equipa vimaranense manteve uma pressão alta sobre o trio defensivo bracarense, forçado várias vezes a lançar bolas em profundidade para o ataque, e marcou na sequência de um canto ganho na esquerda.

Tiago Silva cobrou a bola parada e Estupiñán saltou mais alto na pequena área para cabecear para o fundo das redes, sem a oposição de qualquer elemento da defesa arsenalista, algo passiva a abordar o lance.

Em desvantagem, a equipa treinada por Carlos Carvalhal passou a ter mais bola, mas sentiu dificuldades para ‘romper’ linhas pelo ‘corredor’ central, e privilegiou os lançamentos longos, sobretudo pela ala direita, para a velocidade de Vítor Oliveira, mas a defesa vimaranense anulou quase sempre essas tentativas, à exceção do lance em que o jovem avançado oriundo dos escalões de formação bracarenses rematou para defesa de Bruno Varela, aos 25 minutos.

O dianteiro de 21 anos teve de esperar pela segunda parte para encontrar o ‘caminho’ do golo, já depois do treinador Carlos Carvalhal ter retirado os dois laterais, Fabiano e Moura, bem como o médio Castro, e colocado em campo Yan Couto, André Horta e Roger.

Num lance conduzido pela direita, Ricardo Horta colocou a bola no interior da área e Vitinha, mais rápido do que Tomás Händel, fez um ‘chapéu’ a Bruno Varela, restabelecendo a igualdade.

Depois de Matheus ter negado o golo a Rochinha, numa ocasião flagrante para os vimaranenses se adiantarem de novo no ‘marcador’, ao minuto 53, o Braga pareceu ficar em situação favorável para encarar a última meia hora do desafio, face à entrada de Alfa Semedo sobre o tornozelo de Abel Ruiz e a sua consequente expulsão.

Apesar da vantagem numérica, os ‘arsenalistas’ só criaram uma ocasião flagrante para operarem a reviravolta, num remate de Yan Couto ao lado, ao minuto 74, tendo construído os ataques quase sempre a ritmo lento.

Os vimaranenses, por seu turno, continuaram ‘vivos’ nas bolas divididas, mantiveram o adversário afastado da sua baliza por vários períodos e ainda tiveram fôlego para marcar o golo do triunfo, num lance em que Nelson da Luz aproveitou a defesa incompleta de Matheus para marcar pela terceira vez no campeonato.

Com este triunfo, o Vitória SC consolidou o sexto lugar, com 30 pontos, ao passo que o SC Braga, quarto, com 38, desperdiçou a hipótese de ‘encurtar’ provisoriamente a distância para o terceiro classificado, Benfica, para três pontos.

Declarações de Carlos Carvalhal, treinador do Sp.  Braga, na sala de imprensa do Estádio D. Afonso Henriques, após a derrota (2-1) frente ao Vitória de Guimarães:

«Sinto que a minha equipa é penalizada por dois erros que comete. Diria três, as oportunidades do Vitória. Vimos e revimos, treinámos o canto do primeiro golo, e falhámos naquele lance, houve falta de rigor. Depois no final uma desatenção, falta de rigor. Acabámos por ser penalizados por isso. O jogo foi muito incaracterístico, tentámos circular, mas o Vitória tinha as linhas muito juntas. Foram 45 minutos de combate, mas com pouco jogo. Na segunda parte tivemos mais dinamismo, com as alterações porque queríamos ganhar, entrámos muito bem, conseguimos fazer o golo, podíamos ter feito o segundo, e a expulsão acabou por ser má para nós. Circulámos mal a bola e acabámos por tentar muitos passes diretos, o que não é aconselhável. Por manifesta falta de rigor, versus infelicidade, perdemos o jogo numa fase em que o adversário já estava confortado com o empate».

[O que esperava da equipa ao jogar com mais um jogador] «Houve um período em que estávamos a perder as segundas bolas, aí segurámos mais a bola, mas a circulação foi lenta. Como já disse, não podíamos pausar tanto o jogo e explorar tanto as bolas diretas. O Vitória ficou muito junto e o jogo ficou muito condensado».

Declarações de Pepa, treinador do Vitória de Guimarães, na sala de imprensa do Estádio D. Afonso Henriques, após o triunfo (2-1) sobre o Sp. Braga:

«Sem este tipo de atitude não ganhamos jogos. É algo característico neste clube, nestes adeptos, nesta cidade. Podemos falhar passes, golos debaixo da baliza, mas a nossa atitude tem de estar sempre presente. Hoje foi épico, estivemos agarrados ao jogo com tudo, com o apoio dos adeptos. Temos de ser nós a galvanizar os adeptos. Parabéns ao clube, aos jogadores, aos adeptos, ao estádio, à cidade. Não é um jogo normal, mas este tipo de atitude só faz sentido se conseguirmos dar continuidade. Não há tempos para olhar para trás, temos de manter sempre este tipo de registo e de atitude. Já mostrámos aqui frente ao Belenenses com menos dois homens uma atitude tremenda, hoje foi igual. É isto que quero e que queremos, mas que não fique por aqui».  

[Jogo especial, estreou-se neste tipo de jogos] «Quero repetir mais dérbis destes. É único. Há muitos dérbis em Portugal, mas normalmente até são da mesma cidade. Aqui é um dérbi com muitos anos, social, é impossível não sentir isso. São três pontos, mas não é um jogo qualquer, temos de festejar mas o sol nasce todos os dias; demos uma reposta fantástica, mas temos de dar sequência. Há muito tempo que os adeptos não tinham este orgulho na equipa, mas não vale nada se a equipa não tiver esta atitude competitiva em Belém».

Veja aqui os melhores momentos do derby minhoto desta noite:

Ficha de Jogo

Jogo no Estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães.

Vitória SC – SC Braga, 2-1.

Ao intervalo: 1-0.

Marcadores:

1-0, Oscar Estupiñán, 18 minutos.

1-1, Vitinha, 48.

2-1, Nélson da Luz, 90.

Equipas:

– Vitória SC: Bruno Varela, Miguel Maga, Borevkovic, Jorge Fernandes, Rafa Soares (Janvier, 81), Alfa Semedo, Tomás Händel (Hélder Sá, 81), Tiago Silva (André Almeida, 63), Rúben Lameiras, Rochinha (Bruno Duarte, 76) e Oscar Estupiñán (Nélson da Luz, 76).

(Suplentes: Matous Trmal, João Ferreira, André Amaro, Hélder Sá, Janvier, André Almeida, Quaresma, Nélson da Luz e Bruno Duarte).

Treinador: Pepa.

– SC Braga: Matheus, Tormena, Paulo Oliveira, Bruno Rodrigues (Diogo Leite, 64), Fabiano (Yan Couto, 46), Castro (André Horta, 46), Al Musrati, Moura (Roger, 46), Abel Ruiz (Miguel Falé, 88), Ricardo Horta e Vitinha.

(Suplentes: Tiago Sá, Diogo Leite, Yan Couto, Gorby, André Horta, Rodrigo Gomes, Iuri Medeiros, Roger e Miguel Falé).

Treinador: Carlos Carvalhal.

Árbitro: António Nobre (AF Leiria).

Ação disciplinar: cartão amarelo para Tiago Silva (03), Bruno Rodrigues (20), Oscar Estupiñán (28), Tomás Händel (43) e Jorge Fernandes (45). Cartão vermelho direto para Alfa Semedo (58).

Assistência: 15.322 espetadores.