Negociações entre Rússia e Ucrânia geram expectativas positivas nos mercados: o petróleo está a cair nos últimos dias, cotando a 98 dólares hoje, quando há pouco mais de uma semana estava perto dos 140. Isso ainda não se reflete nas bombas de gasolina. Mas vai refletir-se. Dados apontam para uma redução talvez na casa dos dois dígitos
Depois de duas semanas com subidas vertiginosas, os preços dos combustíveis devem descer na próxima segunda-feira, se não antes.
A evolução da cotação do petróleo nos últimos dias sugere uma descida tão forte quanto foram cada uma duas últimas grandes subidas. Possivelmente, na casa dos dois dígitos, isto é, numa dezena ou mais de cêntimos a menos por litro. Isso depende ainda dos próximos dois dias de negociação do petróleo, mas a descida já acumulada da cotação nos últimos dias é suficientemente forte para aumentar a probabilidade de uma descida do custo médio desta semana.
O preço do petróleo mantinha-se ao início da tarde desta quarta-feira abaixo dos 100 dólares por barril, depois de na terça feira os índices Brent e WTI terem fechado 22% abaixo do pico de 8 de março, que marcou o valor mais alto do crude em 14 anos. O barril do petróleo roçou então a marca de 140 dólares por barril.
Na base desta tendência, agora de descida, está sobretudo a guerra na Ucrânia, embora haja também bons indicadores quanto aos aumentos de armazenamento dos Estados Unidos. Nos últimos dias, os mercados financeiros passaram a olhar com mais otimismo para as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, que conheceram esta quarta-feira novos capítulos: mesmo se um acordo de paz parece longe, responsáveis dos dois países admitem agora avanços.
A descida do preço do petróleo terá impacto direto nas gasolinas. Se nos últimos dez dias os gasóleos subiram em média 30 cêntimos em Portugal e as gasolinas cerca de 20 cêntimos, os próximos dias deverão marcar uma descida em sentido contrário, que pode atenuar um terço a metade desses aumentos de início de março.
Provavelmente, a descida maior acontecerá na próxima segunda-feira. Não porque esse seja o dia fixo da semana de aumentos e descidas de preços, que aliás variam todos os dias, mas porque essa é a prática do mercado em Portugal.
A confimar-se, este alívio será uma boa notícia para os automobilistas portugueses. Tal depende ainda da variação do petróleo nos próximos dois dias – mas também dos desenvolvimentos subsequentes do conflito na Ucrânia. E depende, claro, das próprias gasolineiras, que têm liberdade de fixação de preços.
Apesar de o petróleo estar em queda há vários dias, as gasolineiras voltaram a aumentar esta terça-feira os preços dos combustíveis, agravando o aumento elevado de segunda-feira. Segundo dados da Direção-Geral de Energia e Geologia, na terça-feira a gasolina em portugal continental subiu em média mais 0,9 cêntimos, para um preço médio de 2,037 euros; e o gasóleo encareceu mais 1,2 cêntimos na terça-feira, para um preço médio em Portugal de 1,991 euros. No mesmo dia, o petróleo embareteceu.