Milhares de pessoas aproveitaram o bom tempo, esta quinta-feira à noite, nos principais arruamentos do centro histórico de Braga, para ver a procissão Ecce Homo, que evoca o julgamento de Jesus. Os farricocos, com matracas e fogaréus na mão, foram as figuras mais esperadas pelos visitantes.

A Procissão do Ecce Homo, também conhecida como procissão dos “Fogaréus”, emocionou os bracarenses e os turistas que esta semana visitam a capital minhota, como aliás se via também pelas esplanadas cheias.

Após dois anos de ausência por causa da pandemia, a saída da procissão é vista, por um lado, como sinal de esperança, mas também de religiosidade e tradição.

Organizada pela Irmandade da Misericórdia, é uma das manifestações mais significativas que compõem as solenidades bracarenses da Semana Santa. Popularmente conhecida como a procissão do Senhor da Cana Verde ou dos Fogaréus, evoca o julgamento de Cristo, quando Pilatos, dirigindo-se à multidão, proclamou: “Eis o Homem”, que em latim se pronuncia “Ecce Homo”, daí o nome dado à imagem que é transportada solenemente neste préstito. A origem e fundamento desta procissão deriva das práticas devocionais introduzidas no nosso país pelas Misericórdias. No dia da “desobriga” um préstito de penitentes que percorria as ruas em orações e lamentos. O imaginário ainda hoje é marcado pelo negrume das trevas, numa espécie de apelo ao arrependimento pelos males praticados ou cogitados. 

Os farricocos (ou fogaréus), ainda hoje integrados na procissão, são a personificação dos penitentes que ao longo dos séculos integraram esta manifestação. Além de muitas figuras alegóricas da Ceia e do julgamento de Jesus, desde 2004 incorporam-se na procissão alegorias das catorze obras de misericórdia, bem como figuras históricas ligadas à fundação e à história das Misericórdias, especialmente à de Braga. Desde há alguns anos incorporam-se também delegações de Misericórdias de diversos pontos do país.