A Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva recebeu a sessão evocativa a Victor de Sá intitulada “O cidadão, o académico e o político”, no âmbito das Comemorações do Centenário do Nascimento de Victor de Sá, promovida pela Fundação Bracara Augusta e pela Câmara Municipal de Braga.
O painel contou com a presença de Miguel Bandeira, presidente da Fundação Bracara Augusta, Victor Louro (filho de Victor de Sá), José Manuel Mendes, presidente da Sociedade Portuguesa Escritores, Maria Pereira, docente da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e ex-aluna de Victor de Sá, e Maria Antonieta, directora do Agrupamento de Escolas Sá de Miranda (Escola, herdeira do Liceu Sá de Miranda, frequentado por Victor de Sá).
Com uma plateia muito concorrida, a sessão iniciou-se com a intervenção da actual directora da escola Sá de Miranda que deu lembrou alguns testemunhos inéditos da juventude do homenageado, acrescentando a leitura de dois artigos de Victor de Sá, na imprensa local ao tempo em que era estudante, evidenciando a pertinência do que então escreveu, próximo da década de 40. “Um discurso que ainda hoje nos revemos e de uma extrema actualidade”, referiu Maria Antonieta.
José Manuel Mendes, que conviveu estreitamente com Vitor de Sá, pelas letras e na oposição à ditadura, reforçou que “Braga celebra um nome maior da cultura portuguesa. Estamos a celebrar o seu nascimento porque a morte, perante os testemunhos da sua obra, foi apenas um episódio menor.” Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores, Victor de Sá foi uma personalidade nuclear dos Democratas de Braga, “o que lhe trouxe sucessivos encarceramentos e perseguições pela sua tenacidade, carácter, actos políticos e ousadias intelectuais, recusa dos conformismos e uma esperança diligente, irredutível.” Evocando de algum modo todo o trajecto de vida, o orador relevou o papel inovador de Vitor de Sá como historiador, sendo um pioneiro da introdução da História Contemporânea na Universidade portuguesa. Tendo igualmente vincado o papel criativo a abnegado com que promoveu o livro e a leitura numa sociedade manietada pela censura.
A professora Maria Pereira, historiadora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que tem estudado a figura e a obra do homenageado, brindou a assistência com um trabalho de investigação inédito, ao fazer o levantamento dos sumários das aulas de Victor de Sá na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, sublinhando o rigor, a qualidade da redacção e o pormenor com que justificava e relatava tudo. Um verdadeiro testemunho de ensino da História Contemporânea na Academia Portuguesa.
Finalmente, Vitor Louro, em representação da família, agradecendo a todos os intervenientes na organização da celebração, aproveitou para testemunhar alguns momentos íntimos da vida de Vitor de Sá que ajudam a compreender melhor a elegância a serenidade estóica com que lidou com as adversidades, a prisão, a perseguição, inclusive, da persistência de alguns preconceitos que perduraram no tempo em que estava resposta a democracia. Lembrando bem como era a Braga atávica e subdesenvolvida do tempo da ditadura.
Miguel Bandeira, que moderou o debate e as intervenções vindas do público, congratulou-se com a partilha das intervenções que nos ajudam a conhecer melhor a nós próprios, a partir da vida e da obra de Vitor de Sá, saudando as delegações presentes, muito particularmente, as mensagens de adesão enviadas pelos municípios de Barcelos, Braga, Guimarães, e Vila Nova de Famalicão.