Grupo vai investir 100 milhões de euros no país este ano e tem 350 novas vagas para engenheiros para preencher.
Bosch fechou o ano fiscal de 2021 com uma faturação de 1,7 mil milhões de euros em Portugal, o que representa um crescimento de 5% face ao ano anterior. As vendas no mercado local cresceram 14% para 346 milhões de euros, destaca a tecnológica que contratou mais de 250 novos engenheiros em Portugal e tem mais de 350 vagas para preencher até ao final do ano.
“Vindos de dois anos com as incertezas causadas pela pandemia e os constrangimentos da situação da escassez dos semicondutores, conseguimos um desempenho global positivo, recuperando para os níveis pré-pandemia”, diz o representante do grupo Bosch em Portugal, Carlos Ribas. Já o presidente do grupo em Portugal e Espanha, Javier González Pareja, destaca que “2021 foi mais um ano difícil e que exigiu muito de todos”.
Com fábricas em Aveiro, Braga e Ovar e instalações em Lisboa, a Bosch fechou o ano com 5.788 trabalhadores, assumindo-se como “um dos maiores empregadores e exportadores no país”, destinando mais de 97% do que produz aos mercados externos. Do total, o grupo conta com 900 engenheiros nas equipas de investigação e desenvolvimento (I&D), dos quais 250 foram contratados em 2021, ano em que a Bosch investiu 50 milhões de euros em I&D, tendo submetido a registo mais de 50 patentes.
Investimento de 100 milhões de euros
As perspetivas para 2022, com base nos primeiros quatro meses do ano, são de uma evolução positiva. “Vamos continuar a crescer principalmente nas áreas de I&D e serviços partilhados, e expandir quer as nossas instalações, quer as parcerias de inovação com centros de conhecimento e competências em Portugal. No entanto, a conjuntura internacional atual faz com que seja necessário sermos cautelosos nas previsões para o ano”, refere Carlos Ribas.
Para sustentar esse crescimento, o grupo pretende investir em Portugal, este ano, cerca de 100 milhões de euros, designadamente na expansão das unidades de Aveiro, Braga e Ovar, mas também em projetos de I&D em parceria com as universidades do Minho, do Porto e de Aveiro. Em Ovar, as novas instalações que vão albergar as equipas de I&D e permitir a contratação de cerca de 50 novos colaboradores até ao fim de 2022 serão brevemente inauguradas, enquanto, em Aveiro, está a ser concluído um novo edifício para logística e áreas comuns para os colaboradores. Em Braga, a Bosch pretende construir dois novos edifícios para aumentar a capacidade de I&D e a capacidade produtiva e tecnológica.
Na análise dos resultados de 2021 por segmentos de negócio, destaca a Bosch que a área de Soluções de Mobilidade, “fortemente afetada nos últimos dois anos”, devido à pandemia e à escassez de componentes eletrónicos no mercado, caiu 5% em relação a 2020, mas a expectativa é que o início da produção de um novo radar irá contribuir para o aumento das vendas já este ano.
Em contrapartida, os negócios de Energia e Tecnologia de Edifícios registaram um desenvolvimento “muito positivo” o ano passado, com as unidades de Aveiro e de Ovar a alcançarem “os melhores resultados de sempre”. Ovar, onde estão concentradas as tecnologias de videovigilância, intrusão e comunicação, a Bosch teve um aumento de vendas de 36%, sustentado num aumento de mais de 15% no número total de trabalhadores desta fábrica, que recentemente “integrou novas equipas para o desenvolvimento de soluções para eBike e casas inteligentes”.
Em Aveiro, onde produz esquentadores, caldeiras e bombas de calor, a Bosch obteve um crescimento de 26% em 2021, “o maior dos últimos anos”. Foi aqui que foi criada a primeira gama de soluções elétricas para o aquecimento de águas residuais “totalmente desenvolvida em Portugal e exportada para todo o mundo”. A empresa destaca, ainda, a aposta na tecnologia de bombas de calor, com um investimento de cinco milhões em instalações de teste para desenvolvimento desta solução, e a instalação de uma nova linha de produção, que deverá arrancar no primeiro semestre do próximo ano e que irá criar 300 novos postos de trabalho em Aveiro.
A unidade Service Solutions, instalada em Lisboa, cresceu 15% e ultrapassou o volume de negócios anterior à pandemia. A Bosch pretende tornar Lisboa num “centro de competências internacional para fornecer serviços complexos de suporte a elevadores, serviços multilingues de experiência de cliente e suporte técnico e de IT especializado”.
Por fim, destaque ainda para a área dos Bens de Consumo, que engloba eletrodomésticos e ferramentas elétricas, e que, em 2021, registou um acréscimo de vendas de 16%.
Em termos globais, o grupo Bosch, que tem sede em Estugarda, na Alemanha, fechou 2021 com 78,7 mil milhões de euros de vendas, mais 10% do que no ano anterior, e 2,5 mil milhões de resultados líquidos, que comparam com os 749 milhões registados em 2020. Já no primeiro trimestre de 2022, a faturação cresceu 5,2%, com o grupo a apontar para um aumento de mais de 6% das vendas e de 3 a 4% da margem EBIT nas suas perspetivas para o final do exercício. A guerra na Ucrânia é uma das “incertezas consideráveis” apontada pelo presidente do grupo, Stefan Hartung. O desenvolvimento de novas fontes de energia é um grandes drivers de crescimento da Bosch, que se propõe investir três mil milhões de euros, nos próximos três anos, em tecnologias neutras para o clima, como a eletrificação e o hidrogénio.