“Mr. Morale & The Big Steppers”, o útlimo álbum do rapper americano, esteve em destaque no episódio mais recente do podcast Acho Que Vais Gostar Disto.

1855 dias. Um número que, arredondado, dá os cinco anos de espera por um novo álbum de Kendrick Lamar. Depois de 14 grammys e de um Pullitzer inédito para alguém do hip hop, o rapper americano tentou tirou uma merecida pausa sabática prolongada.

Num espaço de seis anos (2011-2017), K.Dot lançou “Section 80”, “Good Kid, Maad City”, “To Pimp a Butterfly” e “Damn”, que se tornaram quatro dos melhores álbuns de rap de sempre. O primeiro abordou o racismo sistémico, o segundo a adolescência problemática de Lamar em Compton (o bairro californiano de onde vieram Dr.Dre e Tupac), o terceiro elevou a comunidade afro-americana com músicas que se tornaram num hino do movimento Black Lives Matter e o último era uma reflexão de Kendrick enquanto superestrela e os diferentes fatores que o levaram a atingir este estatuto.

Toda esta panóplia de hits e sucessos colocou Kendrick num patamar díficil de voltar a atingir com um novo álbum onde, por um lado, pudesse projetar os seus pensamentos sem que se tornasse repetitivo e, por outro, pudesse corresponder às expectativas de milhões de fãs que aguardavam ansiosamente pela “next big thing”.

Cinco anos é muito tempo na era do streaming, onde existe quase uma obrigação para os artistas lançarem música regularmente para não caírem no esquecimento. E passados cinco anos, o mundo sobre o qual Kenny “rappou” em 2017 também já mudou bastante. A pandemia, a evolução do Black Lives Matter, a woke culture, uma relação sólida e a paternidade deram ao rapper novas ferramentas para abordar os temas de sempre com uma nova perspetiva, não necessariamente diferente, mas mais adulta.

Chegou assim, na semana passada, “Mr. Morale & The Big Steppers”. Um duplo-álbum, com 18 músicas que, de uma forma geral, foram bem recebidas pela crítica. Não é necessariamente o álbum do qual todos estávamos à espera, mas é um álbum que funciona como um todo e por músicas como “United in Grief”, “Father Time”, “Auntie Diaries” e “Mother I Sober”, que provam que Kendrick Lamar continua a estar num nível diferente do resto da indústria.